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Matérias / Pedra de Singapura

Pedra de Singapura: A escrita que permanece indecifrável por séculos

Descoberta em 1819, pedra possui escrita em uma linguagem desconhecida pela humanidade e que jamais foi decifrada pelos pesquisadores; entenda!

Fabio Previdelli
por Fabio Previdelli
[email protected]

Publicado em 29/12/2024, às 14h00

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A Pedra de Singapura - Jon Callas/Wikimedia Commons
A Pedra de Singapura - Jon Callas/Wikimedia Commons

Quem visita hoje o Museu Nacional de Singapura pode se decepcionar com a Pedra de Singapura. Afinal, a pedra de 67 centímetros e cerca de 80 quilos possui algumas inscrições apagadas, que são difíceis de enxergar se você não se aproximar bem. 

Mas a Pedra de Singapura faz parte de algo maior, em todos os sentidos, sendo considerada um dos maiores mistérios da arqueologia. Afinal, a pedra é apenas parte de um quebra-cabeça que permanece indecifrável. Entenda!

A Pedra de Singapura

Conforme aponta artigo do The Conversation, a Pedra de Singapura é apenas um fragmento de uma enorme placa de arenito — que tinha cerca de 3 metros de altura por 3 de largura. Além disso, contava com 50 linhas de texto, escritos em uma linguagem desconhecida pela humanidade. 

Ao longo de décadas, especialistas linguísticos e pesquisadores tentaram desvendar a escrita, mas não foram capazes de descobrir seu significado e tampouco qual o alfabeto foi usado na inscrição. Até mesmo sua idade é incerta, visto que ela pode ter sido cunhada no século 10 — ou quem sabe no 13. 

O fato é que a Pedra de Singapura ganhou esse nome após ter sido descoberta, em sua totalidade, por trabalhadores na foz do Rio Singapura, em 1819; ou seja, poucos meses após a chegada dos primeiros colonizadores britânicos na região — que a ocuparam até meados de 1965. 

E é justamente a colonização responsável por seu registro e por sua ruína. Afinal, os britânicos fizeram diversos registros escritos sobre a pedra; destacando que nenhum nativo da ilha sabia identificar a mensagem dela. 

Em 1843, os britânicos explodiram ela na intenção de construir um forte na região. O The Conversation aponta que o que sabemos sobre a pedra atualmente só foi possível graças a preservação feita pelos ingleses William Bland e James Prinsep, que fizeram um desenho em sua totalidade. 

Desenho das escritas da Pedra de Singapura - Domínio Público

Além disso, o oficial militar escocês Tenente-Coronel James Low, em meio à indiferença geral, conseguiu salvar três fragmentos da pedra; que foram enviados até o Museu da Royal Asiatic Society em Calcutá, na Índia, para serem estudados.

Eles chegaram na instituição em 1848 e cerca de 70 anos depois, em meados de 1918, o Museu Raffles de Singapura pediu a Calcutá que devolvesse os fragmentos. No entanto, apenas uma pedra foi enviada de volta (a que está em exposição no local atualmente). Nada se sabe sobre o que aconteceu com os outros dois fragmentos: é possível que eles tenham se perdido ou permaneçam escondidos no acerco do museu indiano. 

O mistério continua

Desde então, pesquisadores, filólogos e linguistas tentaram decifrar a escrita desconhecida, mas jamais chegaram perto de uma resposta. O sistema de escrita em sua superfície é único, nunca encontrado em nenhum outro lugar e nunca usado em nenhum outro texto. 

Vale ressaltar, porém, de apesar de ser um alfabeto único, possui algumas semelhanças com algumas escritas usadas no sudeste asiático; o que ajuda a levantar teorias sobre seu verdadeiro significado. 

Desenhos das escritas da Pedra de Singapura - J.W. Laidlay, Journal of the Asiatic Society of Bengal

Uma das possibilidades é que a Pedra de Singapura possua alguma relação com o Império de Majapahit — que foi governante do que hoje é a Indonésia, só que entre os séculos 13 e 16. O império pode também ter dominado parte do que é Singapura. 

Outros pesquisadores acreditam na hipótese da língua usada na escrita ser a Kawi, a versão mais antiga e primitiva do javanês — usado atualmente na Ilha de Java, na Indonésia. 

Por fim, alguns apontam que pode ser uma variante do sânscrito, uma língua asiática ancestral que não é mais usada, mas que foi muito popular na Ilha de Sumatra, hoje também Indonésia. 

Seja o que for, a escrita é um dos maiores quebra-cabeças na decifração da linguagem de nossos tempos. Sendo assim, pesquisadores britânicos e chineses estão desenvolvendo um programa de inteligência artificial que pode "aprender" os caracteres sobreviventes da epígrafe e adivinhar e elaborar as partes faltantes de seu texto.

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