Erupção vulcânica ocorrida em 1831 provocou uma queda global de temperatura de cerca de 1°C, desencadeando perdas agrícolas ao redor do mundo
Felipe Sales Gomes, sob supervisão de Fabio Previdelli Publicado em 31/12/2024, às 13h00 - Atualizado em 03/01/2025, às 07h14
Uma equipe de cientistas desvendou recentemente o mistério por trás de uma erupção vulcânica ocorrida em 1831, que provocou uma queda global de temperatura de cerca de 1°C e desencadeou fome e perdas agrícolas ao redor de todo o mundo.
Após anos de debate na comunidade científica, pesquisadores da Universidade de St. Andrews identificaram o vulcão responsável: o Zavaritskii, localizado na remota ilha de Simushir, nas Ilhas Curilas, uma área de disputa entre Rússia e Japão.
A ilha, atualmente controlada pela Rússia, já foi utilizada como uma base secreta de submarinos nucleares durante a Guerra Fria. Hoje, opera como um posto militar estratégico.
A erupção foi datada para a primavera ou verão de 1831, graças à análise de fragmentos microscópicos de cinzas preservados em núcleos de gelo polar, uma técnica que só se tornou possível nos últimos anos.
O estudo, conduzido pelo Dr. Will Hutchison e publicado na revista Proceedings of the National Academy of Sciences, revelou uma correspondência química precisa entre os fragmentos de cinzas encontrados nos núcleos de gelo e amostras coletadas no vulcão Zavaritskii.
Foi um verdadeiro momento eureka no laboratório, quando percebemos que os dados eram idênticos", afirmou o Dr. Hutchison.
A análise química detalhada dos fragmentos de cinzas, com tamanho equivalente a um décimo do diâmetro de um fio de cabelo humano, permitiu identificar o evento explosivo e datá-lo com precisão.
Segundo Hutchison, a descoberta exigiu colaboração internacional com cientistas do Japão e da Rússia, que forneceram amostras coletadas nas Ilhas Curilas décadas atrás.
A pesquisa também destacou o potencial inexplorado da região das Ilhas Curilas, que abriga uma densa atividade vulcânica. Hutchison enfatizou a importância de preparar respostas internacionais para futuras erupções de grande magnitude. "Precisamos estar prontos como comunidade científica e sociedade para coordenar uma resposta global quando o próximo grande evento acontecer", concluiu.
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