A embarcação Ma'gan Mikhael B afundou no Mediterrâneo, na costa de Israel
Há 1,4 mil anos, um navio de carga chamado Ma'gan Mikhael B naufragou na costa de Israel, permanecendo submerso no Mediterrâneo até ser encontrado por mergulhadores amadores contemporâneos.
Atualmente, um grupo de pesquisadores busca entender, a partir o que sobrou da embarcação, as condições de viagens das pessoas que estavam a bordo da mesma quando ocorreu o naufrágio.
No barco, que data do período entre 648 e 740 d.C., foram encontrados restos mortais de ratos, o que surpreendeu especialistas, já que essa seria a mais antiga evidência de uma infestação de roedores em um naufrágio na região.
Conforme declarou a zooarqueóloga Sierra Harding ao site Business Insider, alguns dos restos são de ratos-pretos (R. rattus), espécie que embarcou junto a comerciantes do Sul da Ásia e da Índia em direção ao Oriente Médio, há mais de 2 milênios.
A profissional também explicou que, a partir da análise da dentição dos animais, foi possível concluir que outras espécies de ratos eram exóticas na região.
Além disso, um estudo realizado por pesquisadores da Universidade de Haifa, em Israel, o qual ainda está em andamento, diz que alguns desses roedores podem ter se originado na Tunísia ou na Córsega, no Mediterrâneo central.
"Se for confirmado que alguns desses ratos eram realmente de tão longe quanto as ilhas do Mediterrâneo central — o que isso realmente significa é que havia muito mais comunicação, transporte, troca e comércio acontecendo durante esse período que é descrito principalmente como apenas um tempo de exército e batalhas navais", declarou Harding.
Além dos restos de roedores, foi encontrada uma série de artefatos no local, tanto que um relatório preliminar divulgado no ano de 2020 revelou que os especialistas acharam "o maior conjunto de carga marítima de cerâmica bizantina e islâmica descoberto na costa israelense até o momento”.
Conforme informaram os arqueólogos, havia no Ma'agan Mikhael B diversas cruzes cristãs, escritos muçulmanos, além de letras gregas e árabes esculpidas nas paredes.
Também foram encontradas moedas, artefatos de madeira, jarros, utensílios de cozinha e vidraria. Havia ainda restos orgânicos, como é o caso de uma carga de nozes da Turquia e também de molho de peixe do Mar da Galiléia.
De acordo com o Instituto Leon Recanati de Estudos Marítimos da Universidade de Haifa, o navio, que tinha 25 metros de comprimento, foi encontrado a uma profundidade de, no máximo, 3 metros e enterrado sob 1,5 m de areia.
Segundo o site Haaretz, ele foi localizado originalmente no ano de 2005 por mergulhadores amadores.
Conforme afirmou o instituto responsável pelo estudo: “A datação deste naufrágio torna-o uma fonte excepcional de informação sobre vários aspectos da construção naval, marinharia e navegação, atividade econômica regional e vida cotidiana no Levante durante a Antiguidade Tardia”.