Esta é uma frase que não surgiu no Brasil, mas em Portugal quando ainda éramos colônia
Julia Moioli, com adaptação de Isabelly de Lima Publicado em 22/09/2019, às 08h00 - Atualizado em 25/08/2023, às 15h31
Pouca gente sabe, mas a expressão "O Quinto dos Infernos", usada quando alguém quer amaldiçoar uma pessoa, mandando-a pessoa para longe, ou para se referir a um lugar remoto, começou a ser usada em Portugal para se referir ao Brasil. E ao contrário do que muitos imaginam, não tem relação com o inferno.
Sua origem é o imposto de 20% (ou a quinta parte) do peso do ouro, cobrado no século 18 das cidades mineradoras do Brasil Colônia. O apetite fiscal da coroa era tão grande quanto a dificuldade em quitar suas dívidas com a Inglaterra. Portugal pouco produzia além de vinhos e quinquilharias. Comprava dos britânicos quase tudo o que consumia.
Assim, para evitar as constantes sonegações — que geraram outra expressão famosa, os Santos do pau-oco, estátuas religiosas usadas pelos mineradores para contrabandear o ouro — a Coroa portuguesa decidiu, em 1750, retirar o quinto diretamente nas casas de fundição. A riqueza obtida pelo recolhimento do imposto era levada para Portugal em navios que ficaram conhecidos como naus dos quintos.
Por isso, mandar alguém para os quintos na época significava mandar essa pessoa (muitas vezes banida) para esse lugar tão longínquo e desconhecido que era o Brasil. A cobrança foi uma das principais causas da Inconfidência Mineira, um ato revoltoso — sem sucesso — que acabou sendo reprimido pela Coroa em 1789.