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Matérias / Pintura

A obra de Eugène Delacroix que foi encontrada em sala de estar e vendida por milhões

Obra de arte de um dos maiores dos mestres do romantismo francês estava, desde meados de 1800, em mãos de uma mesma família — que não sabia do seu valor

por Giovanna Gomes
ggomes@caras.com.br

Publicado em 07/04/2025, às 18h00

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Obra de Eugène Delacroix foi encontrada em residência no centro de Touraine - Divulgação/Hôtel Drouot; domínio público/Félix Nadar
Obra de Eugène Delacroix foi encontrada em residência no centro de Touraine - Divulgação/Hôtel Drouot; domínio público/Félix Nadar

Enquanto analisava o conteúdo de uma propriedade localizada no centro da região de Touraine, na França, o leiloeiro Malo de Lussac fez uma descoberta surpreendente: uma pintura original a óleo sobre tela de Eugène Delacroix, um dos mestres do romantismo francês do século 19.

A obra, intitulada Estudo de Leões Reclinados, pertencia à mesma família desde meados de 1800 e era até então desconhecida do grande público, segundo Julien Proult, do La Nouvelle République. A tela, leiloada no fim de março, foi arrematada por quase meio milhão de euros, o equivalente a cerca de R$ 2,8 milhões, superando as expectativas dos especialistas, que previam um valor em torno de US$ 320 mil.

Um autêntico Delacroix

"Os proprietários não tinham certeza de que era um Delacroix", contou de Lussac à Agence France-Presse. "Quando cheguei à sala, meu olhar foi atraído por seu magnetismo. Foi muito comovente. As obras de Delacroix são vistas com muita regularidade em museus, mas muito pouco em mãos privadas."

Com 61 x 51 centímetros, segundo o portal Smithsonian, a pintura retrata sete leões em repouso, usando uma paleta de ocres e marrons intensos, segundo a casa de leilões Hôtel Drouot, em Paris. Os animais são representados com detalhes marcantes — seus corpos musculosos, expressões vívidas e crinas em movimento. Seis leões aparecem finalizados, enquanto o sétimo é apenas um esboço simples.

Detalhe da pintura de Delacroix / Crédito: Divulgação/Hôtel Drouot

Gênio do romantismo

Delacroix, nascido em 1798, foi um dos principais nomes do romantismo francês. Sua primeira grande obra, A Barca de Dante, foi exibida no prestigiado Salão de Paris em 1822. O artista ficou conhecido por suas cores vibrantes e composições intensas, como na icônica A Liberdade Guiando o Povo, inspirada na Revolução de Julho de 1830.

Entre suas paixões estavam os animais selvagens — especialmente os leões. Ele costumava visitar o zoológico do Jardin des Plantes, em Paris, para observá-los, além de acompanhar dissecações e estudar taxidermia.

Como é necessário ... enfie a cabeça para fora de casa e tente ler a criação, que não tem nada em comum com as cidades e as obras do homem", escreveu certa vez.
A Liberdade Guiando o Povo / Crédito: Domínio público/Eugène Delacroix

O leão está morto

Quando um leão do zoológico chamado Coco morreu em 1829, Delacroix imediatamente avisou seu amigo, o escultor Antoine-Louis Barye: "O leão está morto. Ande a toda velocidade!". A cena inspirou diversas obras. Durante quase uma década, o artista desenvolveu a série "A Caça ao Leão", retratando combates intensos entre homens armados e feras selvagens.

O recém-redescoberto "Estudo de Leões Reclinados" inclui dois documentos que atestam sua autenticidade: um certificado de 1973 assinado pelo colecionador Pierre Dieterle e uma carta de 1966 escrita pelo especialista em Delacroix, Lee Johnson. No verso da pintura, há ainda o selo de cera original da venda de estúdio do artista, ocorrida em 1864, um ano após sua morte.

Descoberta anterior

Essa é a segunda grande descoberta feita pelo francês De Lussac em menos de dois anos. Em 2023, ele avaliou uma obra que se revelou ser um autêntico Pieter Brueghel, o Jovem. "Fiquei muito, muito surpreso", disse ele na época em entrevista ao Washington Post. O quadro foi vendido por aproximadamente US$ 850.000, o que hoje equivaleria a cerca de R$ 5 milhões.