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Matérias / Império Romano

Pilotos famosos e torcedores alucinados: corridas de biga, a atração mortal do Império romano

Com alta tecnologia e muito dinheiro, as corridas quase sempre resultavam em morte para os competidores

Redação Publicado em 13/08/2020, às 09h00

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Cena do filme Ben-Hur (1959) - Divulgação/Metro-Goldwyn-Mayer
Cena do filme Ben-Hur (1959) - Divulgação/Metro-Goldwyn-Mayer

Na Roma Antiga, as corridas de biga foram um dos mais populares esportes do período. Elas surgiram bem antes de Roma, e já aconteciam quando as antigas Olimpíadas foram criadas, em 680 a.C. Mas ninguém levou essa prática tão a sério como os romanos. 

As corridas eram perigosas para os pilotos e cavalos, já que muitas vezes sofriam ferimentos graves e até a morte, mas esses apuros aumentavam a excitação e o interesse dos espectadores. No Império Romano, as equipes representavam diferentes grupos de financiadores e às vezes competiam pelos serviços de motoristas particularmente habilidosos.

Entre esses cocheiros, um escravo ganhou notoriedade durante as competições. Ganhando mais de 2.000 corridas, Flavio Scorpus se tornou o competidor mais popular da Roma Antiga.

Flavio começou a participar nas corridas durante a sua adolescência. Aos 21 anos, se destacou no Circus Maximus, cuja origem remonta ao século VI a.C., alternava corridas de carruagens e luta de gladiadores com shows. Durante a sua carreira de 10 anos, Scorpus participou de 6 mil competições.

Representação das corridas em obra /Crédito:Wikimedia Commons

Já as corridas podiam ser fatais para quem participava. Os veículos eram construídos pensando unicamente na rapidez e não na segurança. “Ao contrário dos carros de guerra mais robustos dos egípcios e hititas, os carros romanos foram construídos para a velocidade e o espetáculo, e não para a batalha”, explicou Mike Loades, historiador e escritor, em entrevista à Live Science.

A competição contava com 12 carruagens e 48 cavaleiros e quando começava, uma das características mais marcantes era o chamado “naufrágio”. Os veículos caíam e colidiam entre si na pista. Como consequência, se tornavam obstáculos para os competidores que estavam atrás.

O talento de Scorpus o tornou rico e famoso no Império Romano. Durante a sua carreira de 10 anos, ele acumulou uma fortuna em ouro que equivale a US$ 15 bilhões nos dias atuais. Especialistas acreditam que ele tenha morrido durante os insólitos “naufrágios.”

Entenda como aconteciam as corridas de biga 


Profissão piloto

Os pilotos eram chamados de aurigas. Normalmente eram pobres tentando ficar ricos ou escravos em busca da liberdade. Os melhores eram disputados pelas equipes e adorados pelo público.


Sinal verde

A largada era dada quando um pano branco era jogado ao chão. Doze carruagens saíam dos boxes (chamados de cárceres) – as equipes mais ricas pagavam para começar nos lugares da frente.


Cadeira reservada

A tribuna de honra funcionava como um camarote para as maiores autoridades. Uma ponte levava o imperador para dentro da arena.


Muitas cores

As bigas eram distribuídas em quatro equipes: os azuis, os verdes, os vermelhos e os brancos. Vários imperadores eram fãs dos verdes. Calígula, por exemplo, ia até os estábulos na véspera da prova, para dar uma força para o time do coração.


Sem regras

As corridas só tinham uma regra: “Não há regras”. Tudo era permitido, inclusive chicotear o adversário e jogá-lo contra o canteiro central. O naufrágio, que acontecia quando um piloto caía da biga, era o acidente mais festejado pela plateia. 


Fama e dor

Os torcedores idolatravam alguns cavalos. Na pista, era comum que os bichos perdessem a língua por causa de uma mordida ou ficassem cegos por causa de chicotadas.


Carruagens de fogo

Somados, piloto e biga não pesavam mais do que 100 quilos e corriam a até 35 km/h. O veículo era feito de madeira e não tinha cockpit de proteção. Cada carro podia ter de quatro a dez cavalos.


Segurança mínima

A morte fazia parte das corridas. O piloto mais famoso de todos foi Scorpus, que morreu aos 26 anos, depois de 2.048 vitórias.