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Matérias / Crimes

O que aconteceu com Natascha Kampusch, a menina que viveu oito anos em cativeiro?

Sequestrada aos 10 anos de idade, a jovem austríaca encontrou mais sofrimento ao tentar se readaptar à realidade

Alana Sousa Publicado em 12/07/2020, às 11h00

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Natascha Kampusch em 2011 - Getty Images
Natascha Kampusch em 2011 - Getty Images

Natascha Kampusch é uma jovem austríaca que viveu por oito anos em cativeiro. Sua história foi registrada no livro 3.906 Dias, a partir de um diário que ela mantinha escondido. Um sequestro que foi repleto de agressões físicas e mentais deixou trauma na garota até hoje, mas para entender como está sua vida atualmente, é preciso relembrar como foi seu caso.

3.906 dias em cativeiro

Em 2 de março de 1999, enquanto ia para a escola, Natascha foi agarrada por um maníaco desconhecido, que a jogou dentro de sua van e viajou para uma cidade a 50 km de Viena, chamada Strasshof an der Nordbahn.

O sequestrador, Wolfgang Priklopil, de 44 anos, jogou a criança em seu pequeno porão, que media 5 metros quadrados e 2,4 m de altura. Sem luz solar e vivendo em um espaço que cheirava mal, Kampusch sofria agressões físicas e era obrigada a realizar tarefas domésticas.

Retrato de Natascha Kampusch quando criança / Crédito: Divulgação

“23 de agosto de 2005: Pelo menos 60 tapas no rosto. 10-15 socos na cabeça que me deixaram com náusea, um soco com toda a força na orelha direita e na mandíbula. Minha orelha ficou preta. Estrangulamento, soco no queixo, fazendo a mandíbula estalar. Socos no cóccix e na coluna, na costela e entre os seios. Golpes com uma vassoura no cotovelo esquerdo e braço (hematoma preto-amarronzado) e no pulso esquerdo. Quatro socos no olho que me fizeram ver luzes azuis. E muito mais”, escreveu a menina em seu diário.

Seu sofrimento em cativeiro chegou ao fim em 23 de agosto de 2006. Enquanto lavava o carro de Wolfgang, Natascha aproveitou um momento de distração do criminoso e correu par a rua. Ao perceber que a garota havia fugido, o homem se suicidou atirando-se em frente a um trem em movimento.  Apesar de parecer que tudo ficaria bem, a jovem teria que voltar a realidade e encarar as marcas deixadas durante aqueles oito anos longe de casa.

De volta para casa

A relação de Natascha com a mídia foi conturbada, ela se recusou por muito tempo a dar entrevista. Então, o que se sabia era através de relatórios de polícia. Em um deles é relatado que ela “chorou inconsolavelmente” quando lhe disseram que Priklopil estava morto.

O sequestrador Wolfgang Priklopil / Crédito: Divulgação

A relação com seus pais foi algo a ser reconstruído. “Quando eu escapei, eles esperavam a garota que havia sido tirada deles, mas eu era adulta”, afirmou. Com seu pai a situação foi mais complexa, porque ele tinha cooperado com um livro que questionava a versão oficial dos fatos, coisa que era comum. As teorias da conspiração variavam de um filho secreto, a cúmplices que não foram capturados e, até mesmo, questionavam a razão da moça não ter fugido antes.

A casa na qual passou os piores momentos de sua vida foi reivindicada por ela, que além de manter, passou a visitar o local com certa frequência. “Eu sei que é grotesco — agora devo pagar por eletricidade, água e impostos em uma casa em que nunca quis morar”, revelou. Ainda assim, considera a residência uma parte importante de sua formação.

Após negar por muitas vezes a falar publicamente sobre o assunto, Kampusch passou a vender seus depoimentos, e o dinheiro era usado para ajudar outras mulheres e para investir em seu futuro. Em 2010, Natascha lançou um livro de memórias, intitulado 3.906 Dias, fazendo referência ao tempo em que ficou presa.

No ano de 2016, escreveu outro livro: 10 Anos de Liberdade, no qual conta sobre como lidou com o mundo e com os pesadelos permanentes. Também confessou que visitou o corpo de seu sequestrador no necrotério.

Em entrevista ao The Telegrah em 2017, ela disse: “Eu tinha apenas uma pessoa com quem estava perto por muitos, muitos anos. De quem minha sobrevivência dependia”. E completou: “Você não pode simplesmente banir alguém com quem passou oito anos e meio da sua vida”.

Natascha Kampusch no lançamento de seu livro / Crédito: Getty Images

As decisões incomuns de Natascha levaram os especialistas a acreditarem que ela estava sofrendo da Síndrome de Estocolmo, algo que mais tarde foi descartado. As polêmicas geraram uma onda de ódio na internet, o que a mulher, hoje com 31 anos, fala que foi profundamente afetada.

Conversando com o Insider, em outubro de 2019, ela confessou: “[Depois de escapar] do abuso online se tornou parte da minha vida cotidiana. Houve momentos em que eu nem saí mais porque o abuso era muito ruim", disse. "Mas eu não quero me esconder. Eu nunca quis. É por isso que. No meu livro, quero chamar a atenção para a questão e dizer às pessoas como o cyberbullying pode se sentir”.

Hoje, ela faz terapia e recebe aconselhamento para lidar com seu passado, a austríaca conta que quando tudo está quieto sofre com memórias em forma de flashbacks. Por isso precisa estar se mantendo sempre ocupada, pois, relaxar significa uma viagem de volta para seus piores medos.


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