Depois de ser museu, escola e também um centro de apoio para pessoas com deficiência, residência de uma das figuras mais cruéis da história teve um fim inusitado
No dia 20 de abril de 1889, nasceu, em uma casa de esquina na cidade de Braunau, na Áustria, o homem que seria conhecido como uma das figuras mais cruéis da história da humanidade: Adolf Hitler. A construção de três andares datada do século 17 funcionava como restaurante e uma cervejaria antes de se tornar em um local de moradia.
Durante as décadas que se seguiram após a morte do ditador, a residência localizada às margens do Rio Inn e tombada como patrimônio histórico, foi utilizada das mais diversas maneiras. Entretanto, como o local serve de ponto de visitação de adeptos do nazismo, ainda hoje, o governo austríaco decidiu adotar uma medida para resolver a situação.
Desde o fim da Segunda Guerra Mundial, as autoridades austríacas constataram que o número de adoradores de Hitler crescia de maneira incontrolável, sendo que a construção em Braunau atraia milhares de nazistas que queriam prestar homenagens ao ditador. Desse modo, no ano de 1972, o governo resolveu alugar o prédio para ter controle sobre seu uso.
Com a medida, somente organizações que promoviam atividades de cunho social, educativo ou administrativo poderiam desenvolver atividades no local. Assim, pagava-se 4,8 mil euros por mês à proprietária, Gerlinde Pommer, que cedia o espaço para as organizações.
Ao longo dos anos, o imóvel já foi museu, escola e também um centro de apoio para pessoas com deficiência. Contudo, Pommer nunca quis investir em reformas em sua propriedade e se recusava a vendê-lo para o governo desde que as primeiras propostas foram feitas, no ano de 1984.
Como o aluguel era muito caro para uma casa que estava caindo aos pedaços, o centro deixou de funcionar no local e o prédio permaneceu sem uso. Assim, o Estado entrou na justiça para confiscar a casa da mulher e venceu o processo no ano de 2017.
Autoridades chegaram a cogitar a possibilidade de demolir o imóvel, mas historiadores e políticos teceram críticas à medida. Assim, o ministro Wolfgang Peschorn declarou que o imóvel seria transformado em uma delegacia. “O uso futuro da casa pela polícia deve servir como um sinal claro que esse prédio jamais será um lugar para se comemorar o Nazismo”, disse ele.
Em fevereiro de 2019, a justiça determinou que o governo pagasse uma indenização de 1,5 milhão de euros à mulher. No entanto, o valor definitivo ficou em 810 mil euros. No mesmo ano, a Áustria decidiu abrir um concurso para que arquitetos de toda a União Europeia propusessem conceitos inovadores para o projeto da delegacia.
Desde 2016, há uma enorme placa de pedra instalada na calçada em frente à construção. Nela, está contida a seguinte mensagem: “Pela paz, liberdade e democracia. Fascismo nunca mais. Milhões de mortos alertam”. Porém, ela não foi capaz de afastar os seguidores de Hitler.
Com informações de: SuperInteressante e El País.