Em antigo ritual indígena ocorrido em 2022, um prefeito se casou com um jacaré
Por todo o mundo, incontáveis culturas podem ser exploradas, cada uma com suas nuances próprias, além de rituais específicos. Isso, ainda por cima, até se considerar somente as existentes hoje em dia, pois, antes mesmo de algumas sociedades serem colonizadas, diversas outras culturas — como antigas tradições indígenas — já se faziam presentes, sendo importantes para a formação de identidade entre grupos.
Pensando nisso, é claro que algumas tradições em específico chamam mais atenção que outras — e, no mundo atual, quanto mais inusitado um costume, mais curiosos atrai —, de forma que vez ou outra nos deparamos com alguma notícia de um país exótico que realizara um evento único do local. E é o que aconteceu em 2022 com a pequena cidade mexicana de San Pedro Huamelula.
Victor Hugo Sosa é o prefeito da cidade de San Pedro Huamelula, localizada no estado de Oaxaca, no México. Ano passado, em 2022, ele viveu um dos momentos mais emocionantes da vida de qualquer pessoa: um casamento. Porém, não como todos imaginam.
Em festa regada a músicas tradicionais e muita dança, Sosa se casou, curiosamente, com um jacaré. No entanto, o evento não era motivado por muito amor, como deveria: o costume consiste em uma tradição de origem indígena, de séculos pré-hispânicos, entre as comunidades de chontal e huave, no estado de Oaxaca — estado mais rico do país em cultura indígena, e lar de grupos que mantiveram antigas línguas e tradições —, como uma forma de oração pedindo generosidade da natureza, conforme explica o g1.
Pedimos à natureza chuva suficiente, comida suficiente, para que tenhamos peixes no rio", disse o prefeito na época.
Claro, um jacaré não é um animal que pode ser manuseado de qualquer forma, então ele também precisou de devida atenção antes do casamento ser realizado. Além de usar um vestido branco de noiva — isso, no caso, remonta à miscigenação da tradição indígena com costumes matrimoniais católicos —, o animal teve seu focinho amarrado, visto que a união só seria concretizada com um beijo no bicho.
De acordo com as antigas tradições que inspiram o ritual sustentado até hoje, o réptil, na época com cerca de sete anos e conhecido como 'princesinha', é tomado como uma divindade. Simbolizando a chamada mãe terra, ao se casar com o jacaré, o líder local estabelece uma união dos humanos com o divino, por isso tamanha importância para o evento.