Heinrich Harrer, interpretado por Brad Pitt no filme de 1997, fez parte da SS
Durante o seu ano de lançamento, em 1997, o filme "Sete Anos no Tibet" teve que enfrentar uma polêmica que poderia ter abalado o seu retorno financeiro, e com certeza afetou a sua reputação.
A produção, estrelada pelo ator americano Brad Pitt, foi feita a partir da autobiografia de um homem austríaco chamado Heinrich Harrer, que apesar de ter tido encontros notáveis com Dalai Lama — que foi o assunto do filme — teve um passado insólito durante a Segunda Guerra Mundial.
No longa, acompanhamos a trajetória de Heinrich Harrer, que ficou conhecido como o alpinista austríaco mais famoso do mundo, e acaba criando um laço com o líder espiritual Dalai Lama, que, então, adota o papel de seu professor, e o ensina deixar toda a sua glória pessoal e egocentrismo de lado.
Um dos fatores que fez com que o filme, na época, não se tornasse um dos favoritos da crítica americana e estrangeira, foi uma denúncia feita por uma revista semanal famosa na Alemanha, que leva o nome de Stern.
O veículo destacou que Heinrich Harrer, na verdade, fez parte da polícia nazista de Adolf Hitler, a SS, durante o período da Segunda Guerra Mundial.
O alpinista austríaco, de acordo com a Folha de São Paulo, em reportagem de 1997, nunca negou o seu passado, onde fazia parte do regime, tendo dito que "Foi um erro pelo qual me arrependi" e alegando, desde então, ter a consciência tranquila quanto aos seus feitos e atos durante o período.
Ainda em 1997, o veículo entrevistou Harrer. Ele fora questionado sobre as impressões que teve ao voltar para a Europa destrúida pela guerra.
"A primeira coisa que tive que fazer foi me apresentar à polícia e responder a longos interrogatórios. Era fato notório que eu fazia parte do Partido Nazista e que era membro das SS (tropas de elite nazistas)", disse Harrer, que não cometeu crimes de guerra.
"E eu fiz um juramento que nunca mais mencionaria esse fato. Mas, agora, a história aparece nas revistas não sei com que intenção, sei lá se não são os chineses que estão por trás disso", afirmou ele na época.
Durante o ano de 1997, o filme "Sete Anos no Tibet" foi boicotado por um grupo de judeus de Nova Iorque, que incentivava que o resto da população americana fizesse o mesmo.
Na época, o francês Jean-Jacques Annaud, diretor do longa, se manifestou sobre a polêmica criada com a revelação ao dizer que não conhecia o passado nazista de Harrer, e também não quis mudar a história que havia sido contada dentro de sua produção.
O diretor, ainda de acordo com a Folha de São Paulo, em matéria da seção 'Ilustrada', de 1997, justificou o porquê da história do alpinista ainda assim ser mostrada nas telonas, afirmando que ele e a equipe estavam falando da “vida de alguém que errou, sentiu-se culpado e deu a volta por cima”.
E ele continuou, não deixando de defender o protagonista de seu filme: “Depois da passagem pelo Tibet, Harrer virou um ativista dos direitos humanos."