Alan Griffin foi investigado por um ano, mas a Igreja Católica afirma, agora, que o processo não tinha fundamento
Acusações e investigações infundadas podem acabar com a vida de alguém. Foi exatamente isso que aconteceu no ano passado, quando um padre foi falsamente incriminado por abuso sexual infantil na Inglaterra.
O padre anglicano Alan Griffin, de 78 anos, passou o ano de 2020 inteiro sendo investigado sob alegação de ter explorado crianças sexualmente, mas os detalhes do processo nunca haviam sido passados para ele durante a ação.
Em julho deste ano, a legista Mary Hassell foi responsável por emitir um relatório em Prevenção de Mortes no Futuro sobre a morte do religioso que aconteceu em novembro do ano passado, enquanto as investigações ainda estavam acontecendo.
Como informou a BBC News, Griffin foi à óbito no dia 8 de novembro de 2020 em sua casa, localizada no bairro de Wapping, leste de Londres, na Inglaterra.
Segundo consta no documento, o clérigo "se matou porque não pôde lidar com uma investigação" cujas alegações "não foram apoiadas por nenhum reclamante, nenhuma testemunha e nenhum acusador".
Hassell afirmou em seu relatório: “O padre Griffin não abusava de crianças. Ele não fazia sexo com jovens menores de 18 anos. Ele não visitava prostitutas. Ele não colocava em risco a vida de outras pessoas ao fazer sexo com outras pessoas enquanto corria o risco de HIV".
“E não havia nenhuma evidência de que ele fez alguma dessas coisas. Ele era um padre gay HIV positivo (carga viral indetectável)”, completou a legista.
O relatório crítico fez com que a Diocese de Londres, o Palácio de Lambeth e a sede do arcebispo de Canterbury desenvolvessem uma resposta, apresentando um parecer do caso ao público e “lamentando” a morte do padre.
A resposta foi publicada no site da Diocese de Londres na última segunda-feira, 24, e, nela, consta a confissão da Igreja da Inglaterra dos erros cometidos pelos religiosos durante a investigação, que contou com alegações infundadas contra Griffin e levou ao seu suicídio.
“Assumimos a responsabilidade pelo que deu errado”, admitiu a Igreja da Inglaterra. "Reconhecemos que houve processos ou sistemas deficientes, ou erros, que levaram a pressões irracionais sobre o padre Alan".
Segundo o The Guardian, a Diocese de Londres afirmou que está fazendo uma retificação das “lições aprendidas” com o objetivo de “fazer recomendações sobre o que poderia ser feito melhor na Igreja da Inglaterra para ajudar a prevenir que mortes como essa aconteçam novamente”.
As autoridades religiosas ainda completaram: “A forma como a informação foi documentada e passada à Igreja Católica Romana é motivo de profundo pesar para a diocese de Londres.”
"É uma questão de grande pesar que, mesmo após a morte do padre Griffin, tenha havido uma série de oportunidades perdidas para rever o que aprendeu com o tratamento deste caso antes do inquérito", finalizaram.