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Matérias / MET Gala

'O Jardim do Tempo': Qual a história por trás do tema do MET Gala 2024?

A edição de 2024 de um dos maiores eventos de moda do mundo foi inspirada em um conto de JG Ballard, misturando natureza e distopia; entenda o tema!

por Isabelly de Lima

Publicado em 06/05/2024, às 16h00 - Atualizado em 07/05/2024, às 18h42

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Law Roach e Zendaya na edição de 2019 do evento e o autor J.G. Ballard - Getty Imagens
Law Roach e Zendaya na edição de 2019 do evento e o autor J.G. Ballard - Getty Imagens

Chegou o momento da maior “festa a fantasia” do ano! O MET Gala aconteceu na última segunda-feira, 6, seguindo a tradição de quase três décadas, em que na primeira segunda-feira de maio (todos os anos), os degraus do Metropolitan Museum of Art de Nova York (“o Met”) presenciam um verdadeiro desfile de moda.

O objetivo do grandioso evento é arrecadar fundos para a instituição — inclusive, o nome do evento já revela a intuição da ocasião: “Evento Beneficente do Instituto de Vestuário do Met”.

Os ingressos são muito caros, mas algumas celebridades vão para lá de graça, no entanto, para entrar assim é necessário ser convidado pela organizadora Anna Wintour. Vale ressaltar que quem compra os ingressos também precisam ser convidados por ela, mas alguns conseguem a gratuidade.

Anna Wintour, presidente do Met Gala - Getty Imagens

Todo ano existe uma temática diferente, com códigos de vestimenta que são seguidos por todos os convidados, abordando diversos assuntos. Bons exemplos foram as edições anteriores do evento: relações internacionais do Oriente para o Ocidente (“China: Através do Espelho”, 2015) ou até história visual do catolicismo (“Corpos Celestiais: Fashion and the Catholic Imagination”, 2018).  Mas qual será o tema de 2024? Confira a seguir:

“O Jardim do Tempo”

Andrew Bolton, curador-chefe do museu de moda do Met, The Costume Institute, instruiu os convidados famosos a escolherem palavras do escritor de ficção científica JG Ballard. Em fevereiro desse ano, a instituição revelou o tema de 2024 como “O Jardim do Tempo”, conto de Ballard, de 1962.

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Coletânea de obras de Ballard (versão de 2006) que contém o conto “O Jardim do Tempo” - Divulgação / Fourth Estate Ltd

Em “Jardim do Tempo”, o Conde Axel e sua esposa vivem em villa paladina com uma propriedade murada. No local há também “flores do tempo”, que se assemelham a vidro, brotando pelo terreno, enquanto no horizonte, uma multidão carregando chicotes se aproxima da vila do conde.

O protagonista colhe a cabeça de uma flor do tempo todos os dias, voltando o tempo em algumas horas e retrocedendo o avanço da multidão para cada vez mais alto na colina. No entanto, as flores acabam em certo momento e as pessoas terminam invadindo o muro.

O que encontram, por outro lado, é surpreendente: uma villa em ruínas e duas estátuas de pedra à imagem do Conde e da Condessa.

O autor britânico, que faleceu em 2009, tem como centro de suas obras a violência desenfreada, a dissolução da psique burguesa e a catástrofe distópica.

O evento dessa segunda-feira irá acompanhar a exposição principal, intitulada “Belas Adormecidas: Reawakening Fashion”, que apresenta peças do arquivo que abrangem quatro séculos de história. Algumas das peças nem mesmo podem ser tocadas, já que são muito delicadas.

Inspirações do mundo pop

Essa não é a primeira vez que Ballard será referenciado em algo envolvido ao mundo pop, já que o escritor é, constantemente, fruto de inspiração para diversos artistas (de diferentes esferas). Na moda, muitos estilistas se baseiam em suas obras, e um deles é o designer londrino Andrew Groves, que lançou uma coleção Primavera-Verão baseada na história de 1997, intitulado “Cocaine Nights”.

"Há algo em Ballard que pega o normal ou o cotidiano e o torna horrível e subversivo”, disse para a CNN. “Ele foi muito bom em identificar os elementos distópicos do século 20”.

Na música, Ballard também tem sua participação, já que artistas de muitos gêneros dedicaram capas de álbuns, títulos de canções e até discos completos para o escritor. “Drowned World/ Substitute for Love”, canção de 1998 da Madonna, leva o nome do romance de 1962, já a banda Joy Division, se inspirou no conto “Atrocity Exhibition” para criarem a canção de mesmo nome.

Charli XCX dedicou a capa de seu álbum, ‘Crash’ (2022) para o artista, misturando o sangue de um acidente de carro com conotações sexuais, montada em um capô de carro (destruído) usando um biquíni preto, também de acordo com a CNN Brasil.

O MET Gala

O evento comandado pela editora-chefe da Vogue America e presidente do Met Gala, Anna Wintour, irá explorar o trabalho de conservação das peças, casando com o título de “beldades adormecidas”. Ao todo, serão cerca de 250 peças que estarão à vista do público, incluindo acessórios e roupas de diferentes épocas que estão, de alguma forma, relacionadas à natureza.

Como o evento todo gira em torno da moda, muitos estilistas costumam aparecer no evento acompanhados de algum artista que servem de manequim para as peças, já que vestem suas criações.

A cantora Anitta e o designer Alexandre Birman - Getty Imagens

O Brasil, inclusive, já fez parte dessa lista, tendo Anitta na cerimônia pela primeira vez em 2021. Ela foi a convidada de Alexandre Birman, designer brasileiro de sapatos, CEO da Arezzo & Co e dono das marcas Reserva e Schultz. No entanto, ninguém sabe o que acontece no interior do evento, já que é proibido fazer vídeos e imagens do interior da exposição.