'O Exorcista', um dos maiores clássicos do filme de terror, pode ser inspirado em relatos reais
Éric Moreira, sob supervisão de Thiago Lincolins Publicado em 31/07/2023, às 17h21 - Atualizado em 11/10/2023, às 19h34
Se comparada às demais outras artes, o cinema é certamente a mais recente, logo, um dos modelos com história mais breve a ser contada. Ainda assim, alguns filmes em específico foram responsáveis por influenciar tudo que se seguiria na indústria audiovisual, recebendo o título de "clássico".
Se existe um filme que com certeza ditou novos rumos ao cinema, mais especificamente aos filmes de terror, este foi 'O Exorcista' (1973). Dirigido por William Friedkin, a produção foi responsável por traumatizar inúmeros jovens ao redor do mundo, com cenas perturbadoras — afinal, como esquecer da menina possuída virando a cabeça a 180 graus?
De acordo com a sinopse do filme, "uma atriz vai gradativamente tomando consciência de que a sua filha de doze anos está tendo um comportamento completamente assustador. Deste modo, ela pede ajuda a um padre, que também é um psiquiatra, e este chega a conclusão de que a garota está possuída pelo demônio. Ele solicita então a ajuda de um segundo sacerdote, especialista em exorcismo, para tentar livrar a menina desta terrível possessão".
Porém, se existe uma maneira eficiente de fazer um filme de terror ficar ainda mais assustador, é com a simples mensagem de "baseado em fatos". E para a infelicidade de muitos, que agora podem ter o medo resgatado, 'O Exorcista' é inspirado no livro homônimo de William Peter Blatty, publicado em 1971; este, por sua vez, é baseado em relatos curiosos de um ex-engenheiro da NASA. Entenda!
Ronald Edwin Hunkeler foi um antigo cientista da NASA, que ficou conhecido na agência principalmente por ser o responsável pela tecnologia que faz os foguetes mais resistentes ao calor, mas que possui uma história um pouco mais obscura. Isso porque, de acordo com o portal Splash, do UOL, partiram dele os relatos de "possessão demoníaca" que inspiraram 'O Exorcista'.
Conforme repercutido pelo New York Post, quando Hunkeler tinha apenas 14 anos, ele costumava ouvir diversas batidas e arranhões na porta de seu quarto. E não só isso: o jovem também alegava ver objetos sendo atirados e até mesmo sua cama se mover sozinha.
Ainda durante a adolescência, Hunkeler foi submetido a uma série de exames médicos e psicológicos, e nada de anormal foi identificado (semelhante ao filme). Então, sua família optou por atitudes mais drásticas: ao longo de três meses, ele passou por sessões de exorcismo, cujos relatos seriam registrados pelo Laboratório de Parapsicologia da Universidade Duke, em 1949, partindo do pastor da família, Luther Schulze.
O religioso ainda alegava que a simples presença do adolescente era suficiente para provocar alterações no meio, como fazer uma imagem de Jesus chacoalhar. Porém, em abril de 1949, finalmente Hunkeler teria se livrado do demônio, e teria sua história contada no Washington Post, que preservara sua identidade.
Ainda segundo informações do New York Post, o cientista — que faleceu em 2020, vitimado por um derrame — temia que as pessoas descobrissem que era ele o adolescente cujas histórias de "possessões demoníacas" foram contadas ao veículo.
Já a esposa do engenheiro, que preferiu ter a identidade preservada, contou em entrevista ao portal que, todos os anos, nas épocas de Halloween, eles saíam de casa, visto que Ronald Hunkeler "imaginava que alguém viria para ver onde ele morava e nunca o deixaria em paz."
Ele teve uma vida terrível de preocupação", completou a mulher, em entrevista.
Por fim, a viúva também comentou que em 2020, pouco antes da morte de seu marido, foi surpreendida por um padre em sua residência, que apareceu sem nem mesmo ser convidado, para fazer uma espécie de ritual antes de Hunkeler morrer. Para ela, foi o religioso quem ajudou seu marido a finalmente "ir para o céu".
Em entrevista à Vanity Fair, Nat Segaloff, que lançou o livro 'O Legado do Exorcista: 50 Anos de Medo', relembrou os relatos que inspiraram o filme. Ele comenta que os eventos relatados não são iguais ao que o filme mostra.
"Definitivamente, nenhum vômito de projétil, levitação ou giro da cabeça, mas pode ter havido cadeiras derrubadas, camas balançando e palavras aparecendo gravadas no corpo do menino - possivelmente autoinfligidas. Algumas pessoas acham que ele estava fingindo para sair da escola e imitando orações em latim para zombar do padre. Eles fizeram um exorcismo bem-sucedido, aparentemente, porque o menino cresceu e teve uma carreira de destaque na NASA", explicou o autor.