Steven Lorenzo foi sentenciado à prisão perpétua devido a um duplo homicídio, mas decidiu que prefere o corredor da morte
Ao fim de 2022, o norte-americano Steven Lorenzo foi levado a tribunal para ser julgado pela tortura, abuso sexual, homicídio e desmembramento de dois homens gays vitimados em 2003.
Representando a si mesmo (ou seja, fazendo o que geralmente é a tarefa de um advogado), o homem de 64 anos admitiu culpa. Diferente de muitos criminosos, que tentam provar sua inocência em julgamento, a prioridade de Lorenzo era simplesmente opinar a respeito da sentença que receberia.
Como consequência dos crimes cometidos, o estadunidense estaria elegível tanto para ser sentenciado a 200 anos atrás das grades — em outras palavras, a prisão perpétua —, quanto para o corretor de morte.
Assim, em uma audiência recente, Lorenzo surpreendeu ao revelar ao público que sua preferência seria a pena de morte. O réu, portanto, concordou com a promotora estadual que representa a Flórida em seu caso, Susan Lopez, que também havia pedido pela sentença máxima.
Um detalhe relevante é que não existe júri nesta situação, de forma que a decisão estará somente nas mãos do juiz, conforme informado pela ABC News.
Lorenzo explicou que seu motivo para preferir o corredor da morte é que ele é mais confortável que a prisão comum, oferecendo mais qualidade de vida neste meio tempo até a execução.
Me dê a pena de morte. Vai ser ótimo, é exatamente o que eu quero (...) Tenho 64 anos, posso ficar no corredor da morte por 10, 15 anos. É muito mais confortável do que uma prisão federal. Eles te dão cela particular, TV, computador, todas essas coisas. Na minha idade, a privacidade e a qualidade de vida são inestimáveis", apontou ele.
O caso contra o réu foi construído com ajuda dos relatos de Scott Schweickert, que também participou dos crimes, tendo sido condenado por eles ainda em 2016.
Os investigadores puderam ainda rastrear diversas mensagens perturbadoras trocadas pelos comparsas em um chat virtual em que planejavam os atos explícitos que cometeriam.
Vamos violar o mundo. Vamos transformar nossas fantasias em realidade (...) Fácil de fazê-los desaparecer sem nenhuma ligação conosco (...) Eu faço um estrangulamento por trás. Você o segura e o amarra, para que ele não seja encontrado novamente", dizia um trecho da conversa divulgada ao público.
Suas vítimas, Jason Galehouse e Michael Waccholtz, assassinados em ocasiões separadas, eram ambos homens gays que conheceram a dupla de criminosos em uma boate LGBT+, sendo posteriormente atraídos para a casa de Lorenzo, onde teriam sido drogados e atacados.
As audiências judiciais contaram ainda com a presença de uma vítima que sobreviveu ao réu, Albert Perkins, que teria desmaiado após tomar um vinho oferecido pelo norte-americano, e acordado com barbantes prendendo seus braços e pernas, e uma corda ao redor do pescoço.
"Ele estava sentado na beira da cama, seu rosto não parecia o mesmo. Não havia nada atrás de seus olhos, eles estavam escuros. Seu rosto estava contorcido, o que me deixou ainda mais em pânico", contou o sobrevivente, de acordo com o portal Fox 13.
Um último detalhe relevante é que o norte-americano sendo julgado discorda da narrativa apresentada pela promotoria da Flórida, pretendendo usar a oportunidade para contar sua versão.
É uma alegação falsa. Eles estão distorcendo os fatos, distorcendo tudo. E você sabe, é o trabalho deles fazer isso, tudo bem", comentou Lorenzo, ainda segundo a ABC News.
Os fatores criam uma situação curiosa, em que o homem discorda das alegações que motivaram o julgamento, porém não contesta suas acusações, admitindo ser culpado delas, e, por fim, ainda apoia a sentença de morte sugerida pelos promotores.