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Matérias / Cais do Valongo

No Rio de Janeiro, o Cais do Valongo marca os horrores da escravidão

Hoje parte da Lista de Patrimônios Mundiais da UNESCO, Cais do Valongo já foi o maior porto receptor de escravos do mundo

Éric Moreira, sob supervisão de Thiago Lincolins Publicado em 12/03/2023, às 08h00 - Atualizado em 12/05/2023, às 10h32

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Sítio Arqueológico do Cais do Valongo, no Rio de Janeiro - Foto por Donatas Dabravolskas pelo Wikimedia Commons
Sítio Arqueológico do Cais do Valongo, no Rio de Janeiro - Foto por Donatas Dabravolskas pelo Wikimedia Commons

É de conhecimento geral que, quando os portugueses chegaram ao Brasil e deram início a um violento processo colonizatório, que consistia principalmente na exploração das nossas riquezas naturais, uma prática aceita e comum era a de utilizar de mão de obra escrava em trabalhos braçais, seja de indígenas ou de negros trazidos da África.

Com isso, a miscigenação eventualmente se tornou uma marca muito forte da nossa sociedade, que é proveniente, basicamente, de uma mistura de povos indígenas, africanos de diferentes regiões do continente, e diversos europeus, não somente portugueses. Porém, ainda assim a escravidão permaneceu como uma prática comum pelo país ao longo de mais de 300 anos, tendo sido abolida oficialmente só no dia 13 de maio de 1888.

Considerando-se, também, a vasta extensão territorial que o Brasil possui, além do fato de que a região era super proveitosa para a exploração de determinados recursos, como o pau-brasil e a cana-de-açúcar, ao longo desses mais de 300 anos, estima-se que aproximadamente 4 milhões de escravos africanos chegaram aqui.

O valor por si só já é impressionante, visto que isso indica que eles representavam, na época, uma parcela muito considerável da população no território. Porém, impressiona ainda mais pensar que, desses 4 milhões, pelo menos um milhão deles chegou pelo mesmo lugar: o Cais do Valongo, no Rio de Janeiro. Conheça, a seguir, mais sobre o local pelo qual passou um milhão de escravizados no Brasil.

Fotografia do Sítio Arqueológico do Cais do Valongo, no Rio de Janeiro
Fotografia do Sítio Arqueológico do Cais do Valongo, no Rio de Janeiro / Crédito: Foto por Caio Clímaco pelo Wikimedia Commons

Cais do Valongo

Sendo o principal ponto de entrada de africanos escravizados não só no Brasil como das Américas, o Cais do Valongo, localizado na cidade do Rio de Janeiro (RJ), passou a integrar a Lista do Patrimônio Mundial da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) em 2017. A presença na lista representa não só o reconhecimento de seu valor, como também é uma memória da violência contra a humanidade que a escravidão representa, bem como a resistência, liberdade e herança, não só para o Brasil como para todos os países membros do órgão.

De acordo com o site do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), pelo Cais do Valongo, localizado na região portuária da cidade do Rio de Janeiro, cerca de um milhão de escravizados africanos passaram em somente 40 anos. Não à toa que é considerado o maior porto receptor de escravos do mundo.

Sabendo disso, também se faz importante o reconhecimento da contribuição de povos africanos e seus descendentes na formação e no desenvolvimento cultural, econômico e social do Brasil e do continente.

Sítio arqueológico

O Cais do Valongo foi construído em 1811 pela Intendência Geral de Polícia da Corte do Rio de Janeiro, com objetivo de retirar da Rua Direita, onde hoje fica a Rua Primeiro de Março, o desembarque e comércio de africanos escravizados que eram levados para as plantações de café, fumo e açúcar do Brasil. Vale lembrar que aqueles que ainda havia aqueles que ficavam pela capital, mas estes eram geralmente domésticos ou usados em obras públicas.

Porém, com a abolição da escravatura em 1888, o local logo passaria a ser menos utilizado, servindo ainda como um cais, mas para a comercialização de produtos. Com o tempo, porém, ele foi se tornando cada vez mais esquecido e até mesmo substituído, de forma que ele só foi revelado novamente em 2011, durante as obras do Porto Maravilha, passando a se tornar, então, um sítio arqueológico.

Sítio Arqueológico do Cais do Valongo
Sítio Arqueológico do Cais do Valongo / Crédito: Foto por Donatas Dabravolskas pelo Wikimedia Commons

Por fim, em 2012 a prefeitura do Rio de Janeiro acatou um conjunto de sugestões das Organizações dos Movimentos Negros, e transformou o espaço também em um monumento preservado e aberto à visitação do público. Hoje, ele integra o Circuito Histórico e Arqueológico da Celebração da Herança Africana, estabelecendo marcos da cultura afro-brasileira na região portuária.