O processo de reforma democrática fez com que o líder soviético entregasse o cargo na noite cristã
No começo da noite de 25 de dezembro de 1991, o mundo via, pela última vez, a bandeira soviética hasteada em Moscou. Momentos antes, o então presidente da União Soviética (URSS) e secretário geral do Partido Comunista, Mikhail Gorbachev, entregava seu cargo como chefe de estado e declarava o fim da longeva união entre países.
Momentos depois, as capitais ao redor da capital russa trocavam, de pouco a pouco, a bandeira vermelha com a foice e o martelo amarelo pela de suas respectivas nações. No caso da sede do governo, a bandeira azul, branca e vermelha da Rússia era finalmente içada pelos soldados do país após anos guardada.
Em meio a uma época de tentativas de golpe e acordos que faziam a União Soviética perder força, a decisão de Gorbachev pareceu a mais plausível para sair sem problemas; quatro dias antes, 11 repúblicas que compunham a URSS já haviam migrado para a recém-formada Comunidade dos Estados Independentes (CEI), desmembrando a união.
Em junho daquele mesmo ano, a eleição de Boris Ieltsin como presidente da Federação Russa já dava a ele o controle das decisões estatais do país de maior extensão territorial do planeta. Com isso, a União Soviética já não matinha os efeitos e propósitos que motivaram sua criação, encaminhando seu fim.
Dois meses depois, enquanto Gorbachev se mobilizava junto a dirigentes das repúblicas a assinar o novo Tratado da União, um grupo nomeado Comitê Estatal para o Estado de Emergência tentou assumir o poder em Moscou através de um golpe, sem sucesso, obrigando o vice-presidente da União Soviética, Gennady Yanaiev, a ser nomeado presidente interino.
Gorbachev estava na Criméia, concluindo suas férias, e nem chegou a ver o poderoso comitê que tentou derrubá-lo, composto pelo então chefe da KGB, Vladimir Kriutchkov; o ministro das Relações Exteriores, Boris Pougo e o ministro da Defesa, Dmitri Yazov, homens que foram nomeados justamente pelo chefe de estado.
Em meio a manifestações políticas contrárias e favoráveis ao Estado, o líder preferiu reconhecer o progresso de Ieltsin e encerrar a trajetória da URSS, que durante 69 anos se tornou uma potência de 15 nações soviéticas reconhecidas mundialmente como apenas uma, na noite de Natal.
Confira abaixo a retirada da bandeira soviética na noite natalina de 1991: