Ao escavar uma região da ilha de Córsega, arqueólogos se depararam com uma situação peculiar: esqueletos dentro de grandes potes
A comuna de Ile Rousse, na ilha de Córsega, é um importante local para arqueólogos. Isso porque, desde 2019, escavações feitas no local estão revelando descobertas impressionantes, principalmente relacionadas à ritos funerários.
Na época, como relatou o Instituto Nacional Francês de Pesquisa Arqueológica Preventiva (INRAP) em nota, foram encontrados vestígios de túmulos na região. Sem parar o trabalho arqueológico, neste mês, os pesquisadores divulgaram mais novidades: agora, em grande escala.
Uma necrópole romana foi encontrada no local, contendo um enorme cemitério que guarda ao menos 40 tumbas que remontam à primeira metade do milênio. Impressionantemente, a descoberta foi chamada de “cidade dos mortos” pelos pesquisadores.
No entanto, não foi somente a quantidade de enterros que chamou a atenção — tanto dos arqueólogos quanto do público de maneira geral. Os esqueletos, em vez de estarem enterrados em caixões, por exemplo, estavam armazenados em grandes potes.
O grande cemitério, que data do período entre os séculos 3 e 6 d.C., contava com a presença de enormes jarros, que guardavam restos humanos.
Segundo os pesquisadores, conforme relatado pelo portal Smithsonian, se tratavam de “ânforas” e provavelmente foram importadas.
A maioria dos indivíduos foi sepultada nos potes, mas, no local, os arqueólogos encontraram mortos enterrados das mais diversas maneiras. Alguns esqueletos foram encontrados em tumbas cortadas diretamente de rochas, por exemplo.
Já outros foram praticamente escondidos por materiais feitos de terracota, que geralmente eram usados na região. Foram utilizadas, principalmente, telhas romanas, tanto planas, conhecidas como tegulae, quanto arredondadas, que levavam o nome de imbrices. Também foram encontrados fragmentos de cerâmica no local.
Ainda assim, os enterros feitos em ânforas continuaram causando dúvidas nos especialistas envolvidos nas escavações. Provavelmente moldados no norte da África, os recipientes eram utilizados para carregar bebidas em meados do século 4 d.C., conforme o comunicado do INRAP.
Em Córsega, porém, os potes foram usados para sepultar adultos, o que gerou ainda mais incerteza entre os pesquisadores. Como relembrou Yoav Arbel, o arqueólogo da Autoridade de Antiguidades de Israel, o costume de enterrar pessoas em jarros era comum na Idade do Bronze e persistiu até o século 20.
Mas havia um detalhe: normalmente, os sepultados eram bebês, não pessoas adultas. Até agora, no entanto, essa permanece sendo a única suposição sobre as descobertas, visto que os estudiosos do instituto permanecem escavando o local com o intuito de entender a história da região.
Além disso, existe outro aspecto inconsistente na história: aponta-se que os 40 indivíduos encontrados na antiga necrópole foram enterrados entre os séculos 3 e 6 d.C., enquanto os artefatos encontrados na região sugerem que os restos mortais são de origem romana.
Como explicam os arqueólogos do instituto, os romanos, de fato, tomaram a região onde foi feita a descoberta na época em que os potes foram criados. Mas eles também mencionam que o costume pode remeter às outras civilizações colonizadoras que surgiram mais tarde.
No total, a ilha de Córsega já passou por domínio cartaginense, romano, visigodo, vândalo e ostrogodo, até tornar-se um território do império bizantino em 536 d.C.
Segundo a nota do INRAP, “as evidências arqueológicas de ocupação anterior [na área] eram raras e fragmentárias”. Agora, novas pesquisas realizadas nos artefatos identificados podem lançar luz sobre a história da ilha.
"Embora se acreditasse que a área estava em grande parte deserta, a descoberta da necrópole impressionantemente povoada da Córsega levanta a possibilidade de que a densidade populacional na área durante meados do primeiro milênio fosse maior do que se imaginava", concluiu o comunicado.
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