Apresentadas ao Distrito da Luz Vermelha de Amsterdã aos 20 anos, as irmãs só pensaram em aposentadoria quando a artrite entrou em seu caminho
Com quase 300 janelas, o Distrito da Luz Vermelha, em Amsterdã, é um dos pontos de referência na história da prostituição holandesa. Também conhecido como De Wallen, é o epicentro de bordéis e motéis na capital.
Foi entre as ruas iluminadas por lâmpadas neon que as irmãs gêmeas Louise e Martine Fokkens começaram a traçar sua trajetória como prostitutas. Experientes no ramo, ambas mantiveram os negócios à todo vapor durante a velhice.
Com mais de 70 anos cada, Louise e Martine têm orgulho de sua profissão e falam dela com naturalidade, respondendo eventuais perguntas com um sorriso no rosto. Juntas, as duas já fizeram sexo com mais de 355 mil homens.
Bem-vindas às janelas
Louise foi a primeira das duas irmãs a ser apresentada aos bordéis. Casada aos 17 anos, ela foi guiada pelo próprio esposo até o Distrito da Luz Vermelha. Com três filhos em casa, eles precisavam de dinheiro e o homem imaginou que aquela era a saída.
Seduzida pela ideia de ganhar seu próprio dinheiro e pela ideia de que ficaria no De Wallen por apenas dois anos, Louise, de 20 anos, aceitou a proposta do marido. Ao final de cada dia, no entanto, a jovem sequer via a cor do dinheiro que ganhara.
Em pouco tempo, ela conseguiu fugir do relacionamento abusivo — seu esposo era bastante violento —, mas se manteve nos bordéis. Foi, então, a vez de Martine. Também casada, ela e o marido passavam por um momento difícil da relação.
Com ambos desempregados, o casal precisava de uma fonte de renda urgente. A fim de ajudar a irmã, Louise sugeriu que Martine trabalhasse no mesmo bordel que ela, mas como faxineira. Sem outras opções, a ideia foi acatada pelo casal.
Visão duplicada
Com as gêmeas Fokkens trabalhando no mesmo estabelecimento, alguns clientes começaram a confundí-las. Em pouco tempo, descobriu-se que Louise e Martine eram duas mulheres diferentes e um novo mercado surgiu para elas: o sexo a três.
Homens que frequentavam o bordel ficavam simplesmente apaixonados pelas duas irmãs. Muitos se tornaram clientes fiéis e diversos pedidos de casamento foram feitos. Todos negados pelas jovens, que eram tão requisitadas.
Além dos ménages, as Fokkens também estavam acostumadas a fazer tudo que seus fregueses requisitassem. Ao longo dos anos, elas prestaram seus serviços para padres e homens casados e espancamentos eram apenas um dos muitos fetiches que Louise e Martine tiveram de performar.
Em situações menos comuns, as irmãs eram contratadas por pais de jovens que deveriam perder a virgindade. Como se não fosse o suficiente, as sessões eram, por vezes, acompanhadas pelos progenitores do rapaz.
Como um meteoro
O sucesso estrondoso das gêmeas Fokkens permitiram que, nos anos 1980, as duas se tornassem empreendedoras. Ainda no Distrito da Luz Vermelha, Louise e Martine construíram seu próprio bordel, em Koestraat.
Durante um bom tempo, as duas aproveitaram das regalias que o dinheiro poderia trazer. Problemas com o governo e com outros administradores de bordéis, contudo, fizeram com que as Fokkens fechassem as portas.
De volta às janelas, as irmãs fundaram o The Little Red, o primeiro sindicato independente de prostitutas. Os negócios, então, continuaram por anos. As duas envelheceram, Louise casou-se de novo e a vida seguiu.
Senhoras sem tabus
Já na casa dos 70 anos, as Fokkens cogitaram parar de trabalhar — muito porque a artrite já não permitia mais algumas posições —, mas elas não poderiam deixar seus clientes fiéis ao léu. Mesmo idosas, continuaram no ramo da prostituição.
Com roupas sempre combinando, Louise e Martine sentem falta dos anos dourados da prostituição em Amsterdã e culpam a legalização de bordéis em 2000 pela marginalização das profissionais do sexo. Muito famosas na área, elas ergueram uma pequena loja, onde vendiam postais, quadros e livros autorais.
Além do comércio próprio, as duas ainda serviam de guias turísticas para a Red Light District Tours, que promovia visitas turísticas ao Distrito da Luz Vermelha. Mas não pense que as gêmeas gostariam que suas filhas seguissem a mesma profissão: “quebaríamos as pernas delas”, dizem, com humor.
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