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Matérias / Feminismo

A mulher que liderou um movimento ao fazer topless

Gwen Jacob apenas queria se refrescar no verão canadense de 1991, mas acabou criando algo muito maior

Isabela Barreiros Publicado em 09/12/2021, às 14h32

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A ativista Gwen Jacob - Divulgação/Youtube/CTV News
A ativista Gwen Jacob - Divulgação/Youtube/CTV News

No verão de 1991, a estudante universitária Gwen Jacob estava sentindo o clima abafado e percebeu que precisava se refrescar. Buscando uma solução, ela decidiu tirar a blusa depois de observar um grupo de homens sem camisa praticando esportes.

Mas sua atitude acabou fazendo uma mãe, que passava nas proximidades, prestar uma queixa à polícia dizendo estar preocupada com a reação de seus filhos ao verem uma mulher fazendo topless na rua de maneira tão comum.

Jacob foi presa e acusada de cometer um ato indecente naquele dia escaldante há mais de 30 anos, quando andou sem camiseta e expôs seus seios livremente na cidade de Guelph, na província canadense de Ontário.

Gwen Jacob em outra manifestação anos mais tarde / Crédito: Divulgação/Youtube/CTV News

Como relata o Canadian Broadcasting Corporation (CBC), existia um duplo padrão de lei que considerava aceitável que homens andem com peito nu nas ruas, embora o mesmo não ocorresse com as mulheres. A mesma situação acontece em grande parte do mundo, não só no Canadá.

Em uma entrevista dada pela estudante em 1991, ano em que ela foi protagonista do ato de topless, à CBC News, ela falou sobre o tratamento arbitrário dado ao topless, determinado pelo gênero.

Havia homens [que estavam sem camisa] passando pelos policiais que me prenderam e eles não fizeram nada a respeito", disse. "Mas ser mulher e ter seios com formas ligeiramente diferentes, eu fui presa por isso”.

"Eles me perguntaram se eu colocaria minha camisa de volta e eu disse que não, eu estava bastante confortável, obrigada", explicou. "E então alguns homens passaram sem camisa e eu os indiquei aos policiais, mas eles não estavam interessados ​​nisso e então, eventualmente, fui presa e levada ao departamento de polícia."

Líder de um movimento

Naquele dia quente de julho de 1991, Jacob estava pensando apenas em se refrescar do calor de 33º que fazia no Canadá. Porém, a verdade é que ela acabou liderando, mesmo que inconscientemente, um movimento importante para todas as mulheres.

Gwen Jacob fala para multidão em protesto / Crédito: Divulgação/Youtube/CTV News

A jovem queria que todas as mulheres tivessem o direito legal de expor seus seios e a liberdade social de fazê-lo — não que todas tenham que fazer isso, apenas que não sejam presas caso desejem fazer topless em público.

“Eu liderei esse movimento. Eu realmente não queria começar um movimento. Eu estava apenas tentando pegar uma brisa. Eu tinha 19 anos”, disse ela 20 anos depois do episódio em uma entrevista ao podcast The Naturist Living Show.

“Hoje, posso tirar minha camisa de vez em quando, mas não é algo como, ‘Ok, podemos, então vamos todos fazer [isso]’. Eu não me importava com o que era feito no passado, era assim que íamos no futuro”, acrescentou.

A ativista Gwen Jacob / Crédito: Divulgação/Youtube/CTV News

Depois que a polícia a prendeu pelo topless, foram necessários cinco anos de batalhas judiciais para a anulação da condenação. "Eu estava tomando uma posição sobre algo. Eu sabia quando fui acusada que teria uma longa batalha difícil”, explicou.

A importância de suas ações são reconhecidas pelo movimento feminista e Jacob segue em sua luta no ativismo. Ela esteve em diversas manifestações recentes e falou em muitas delas, inclusive em um comício em Waterloo, na Bélgica, em 2015.

Além do direito das mulheres de fazer topless, a ativista continua agindo em prol da igualdade de gênero.


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