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Matérias / Mary & George

Mary & George: Veja o que é fato ou ficção na série

'Mary & George' é uma insólita narrativa acompanhando Mary Villiers e seu filho, George, na tentativa de ascender à corte inglesa

Éric Moreira
por Éric Moreira

Publicado em 04/09/2024, às 18h00

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George Villiers: realidade e ficção - Domínio Público
George Villiers: realidade e ficção - Domínio Público

Nesta quarta-feira, 4, foi adicionado ao catálogo do Globoplay uma minissérie que chama atenção com sua narrativa ousada. Ambientada na Inglaterra do início do século 17, 'Mary & George' mostra a ascensão ao poder do jovem George Villiers (interpretado por Nicholas Galitzine), que nasceu em uma família simples, mas acabou se tornando o primeiro Duque de Buckingham.

O que mais chama atenção na narrativa, porém, é que ela nos mostra George sendo basicamente guiado por sua mãe, Mary (Julianne Moore) para se tornar o favorito do rei da época, Jaime I (Tony Curran), inclusive, tornando-se seu amante.

Além disso, a série se inspira no livro 'The King's Assassin', uma história não-ficcional publicada em 2017 e escrita por Benjamin Woolley, sobre a própria trajetória de George.

Se inspirando em uma obra biográfica, muitos podem se perguntar se todos os elementos representados na série realmente aconteceram, ou mesmo se a sociedade inglesa da época se comportava daquela forma. Com isso em mente, confira a seguir o que é fato e o que é ficção em 'Mary & George'.

+ 'Mary & George': A história por trás da nova série sobre o 'favorito' do rei;

1. A dupla (fato)

Mary Villiers nasceu em 1570, e no início do século 17 já era viúva, tinha quatro filhos e não detinha de nenhuma fortuna. Por isso, ela decidiu que enviaria seu segundo filho mais velho, George, à corte inglesa.

Apesar de a família Villiers não ser rica, Mary conseguiu juntar dinheiro para que seu filho aprendesse a dançar, a esgrimar e até a falar francês, todos fatores essenciais para ser parte da alta sociedade da época. Após aprender o necessário, e conseguir dinheiro para montar um guarda-roupa adequado, George foi enviado à corte.

De origem simples, George rapidamente chamou atenção em meio à nobreza. Godfrey Goodman — que se tornaria bispo de Gloucester posteriormente — o descreveu como sendo "o homem mais bonito da Inglaterra", com "membros tão bem compactados, e sua conversa tão agradável, e de uma disposição tão doce".

E assim George conseguiu até mesmo chamar atenção do rei Jaime I, que gostava da companhia de jovens bonitos. Ele se tornou o favorito do monarca. Em paralelo à ascensão social de George, quem também se tornava uma figura cada vez mais notável era Mary — ao ponto de conquistar riqueza e até o título de Condessa de Buckingham.

Ela não tinha dinheiro nem meios de sustento, mas saiu daquele lugar e foi enterrada na Abadia de Westminster", disse Julianne Moore, que deu vida à Mary na série, à USA Today.
Mary e George Villiers em nova série e em retratos antigos / Crédito: Divulgação/Sky Studios / Domínio Público via Wikimedia Commons

2. Sandie Brooks (ficção)

Ainda no início da série, vemos uma cena em que Mary vai até um bordel, onde tem um encontro secreto com o Sir David Graham (Angus Wright), que a apresenta a uma prostituta chamada Sandie (Niamh Algar), que se torna sua confidente.

No entanto, esse detalhe é completamente ficcional, e "foi inventado para a série", segundo Benjamin Woolley, autor do livro que inspirou a produção, também ao USA Today.

Vale mencionar que "é difícil ter uma visão completa de Mary" a partir apenas de seus registros históricos, explica o autor. Isso porque "muito do que sabemos sobre ela foi escrito por seus inimigos quando ela se tornou um membro proeminente da corte".

Mary era uma figura astuta que conseguiu transformar seu filho em uma arma para promover suas próprias perspectivas. Ela foi singularmente dedicada a isso e provou ser a autopromotora mais eficaz naquele período da história", acrescenta Woolley.

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Julianne Moore e Niamh Algar em 'Mary & George' / Crédito: Divulgação/Sky Studios

3. George e o rei (depende)

Em 'Mary & George', vemos o relacionamento entre George e Jaime I como extremamente caloroso e sexual. Porém, até hoje é debatido se os dois, realmente, se amavam ou compartilhavam um relacionamento íntimo do tipo.

"Acho que provavelmente houve um certo grau de amor ali, mas obviamente é preciso ter em mente as circunstâncias que provocaram isso", explicou Woolley. "George estaria morto, essencialmente, se Jaime tivesse se voltado contra ele em qualquer estágio do desenvolvimento do relacionamento".

George e Jaime I em 'Mary & George' / Crédito: Divulgação/Sky Studios

Importante acrescentar que, historicamente, foi graças a Jaime que George conseguiu tornar-se conde, marquês e, finalmente, duque, o que era uma raridade para pessoas de fora da realeza.

Paralelamente, Mary aproveitou da influência e também conseguiu construir sua própria dinastia, casando seus filhos com as melhores pessoas da nobreza da Inglaterra — George, por exemplo, casou-se com Katherine Manners (Mirren Mack).


4. Orgias? (depende)

Em 'Mary & George', vez ou outra nos deparamos com cenas explícitas de sexo, envolvendo não só George e Jaime, como também grupos de homens. Na série, George é retratado como um homem com "apetite sexual voraz", o que, de certa forma, se relaciona com os registros históricos sobre o protagonista.

Porém, o quão comuns eram as orgias na época ainda é razão para debate. "A intimidade entre os homens naquela época era comum. Havia uma atitude muito mais despreocupada em relação a essas coisas", explica Woolley, mas não há garantia de nada no sentido que a produção mostra.