Inscrição contendo 'maldição' foi encontrada em necrópole da Galileia
Uma lápide de 1800 anos foi encontrada por arqueólogos em escavações em uma necrópole na Galileia. No entanto, para o espanto dos pesquisadores, a lápide não continha apenas uma indicação de quem era o morto sepultado, mas também uma espécie de maldição.
Jacó (Iokobos), o prosélito (convertido), jura que qualquer um que abrir esta sepultura será amaldiçoado", diz a inscrição da lápide, em grego, de acordo com o Times of Israel.
O texto em questão tem objetivo de desencorajar os violadores de tumbas, que muitas vezes eram repletas de tesouros. Outra frase também indicaria que Jacó morreu aos 60 anos de idade.
A descoberta ocorreu na necrópole de Bete-Searim, na Galileia, região ao norte de Israel. O local abriga uma extensa rede de catacumbas escavadas no calcário, com inúmeros mausoléus e sarcófagos ricamente adornados e com inscrições em diversos idiomas locais, como hebraico, aramaico e grego.
A 'maldição' em questão, por sua vez, estava escrita em grego, o que se tornou uma surpresa. Segundo os pesquisadores, a lápide é do final do período romano ou início do bizantino, ou seja, data de uma época em que o cristianismo estava se expandindo e, assim, passando a se tornar a religião dominante na região.
A surpresa se deve pelo fato de Jacó, homem sepultado no local, ser identificado como um judeu convertido. De acordo com Adi Erlich, diretor das escavações e professor da Universidade de Haifa, é impressionante que tenha sido encontrada uma evidência de conversão ao judaísmo em uma época na qual cristianismo possuía tamanha força e influência.
O presente achado é um dos poucos que contém a palavra ‘converter’ no final da era romana”, disse ele, conforme repercutido pelo Times of Israel.
Por conta do uso da palavra grega 'prosélito', é possível concluir que Jacó era um "pleno convertido" ao judaísmo. Segundo pesquisadores, naquele período as pessoas tinham outras denominações e categorias de "semi-convertidos", que eram chamados de "tementes a Deus". Esses, por sua vez, não adotavam a todos os mandamentos do Judaísmo e não costumavam ser circuncidados.
O território explorado, onde se localizava a antiga Galileia, constantemente é comentado no que se referem a descobertas arqueológicas, sendo um local extremamente importante por ter abrigado sociedades diferentes, em diferentes períodos históricos. Em especial, a região possui diversos símbolos de períodos mais remotos do Cristianismo.
Arqueólogos afirmam que existiam cerca de 140 sítios cristão na região do assentamento bizantino, da antiga Galileia. No entanto, após a invasão persa na região, muitos deles foram destruídos, o que fez com que muitos tesouros se perdessem, enquanto outros ficaram mantidos entre as ruínas da cidade.
Em 2007, no local, foram descobertos diversos artefatos nos assentamentos, como um piso de mosaico colorido, peças de cerâmica, uma cruz de bronze, moedas árabe-bizantinas, um raro peso de bronze do século VI e pedras com cruzes entalhadas.
"Ainda que não tenhamos documentos de fontes cristãs sobre esse assentamento, todas as evidências apontam para uma população quase inteiramente cristã", afirmou Gilad Cinamon, da Autoridade de Antiguidades de Israel, sobre a cidade encontrada.