Em "Irmãos Menendez: Assassinos dos Pais", a Netflix mistura fato e ficção ao retratar um dos casos mais chocantes dos Estados Unidos
Em "Irmãos Menendez: Assassinos dos Pais", segunda temporada da antologia "Monstro", a plataforma de streaming Netflix revive um dos crimes mais notórios dos Estados Unidos.
Em 1989, Lyle e Erik Menendez chocaram o país ao serem responsabilizados pelas mortes dos próprios pais. Na série, que mistura fato e ficção, a produção apresenta os dois lados da história.
Enquanto a acusação estava determinada em provar que o crime foi motivado pela fortuna da família, a defesa chocou os norte-americanos ao revelar que o crime seria resultado de anos de abusos físicos e psicólogos que os irmãos sofreram nas mãos dos pais.
Com a estreia, confira a cronologia dos fatos retratados pela Netflix na série mais assistida por brasileiros neste sábado, 21.
Erik Menendez e seu amigo Craig Cignarelli escreveram um roteiro intitulado "Friends", que, curiosamente, descreve a história de um rapaz rico que assassina seus pais visando herdar a fortuna. O roteiro, no entanto, não foi aceito como prova nos julgamentos dos irmãos.
Ainda em 1988, Lyle Menendez, após ser suspenso da Universidade de Princeton por plágio, retornou à Califórnia, onde ele e Erik cometeram dois furtos significativos em residências de famílias ricas.
Conforme documentado por Dominick Dunne, repórter da Vanity Fair, os roubos envolveram: dinheiro e joias no valor de aproximadamente $100.000. Um amigo de Erik, excluído do segundo furto, foi o responsável por entregar os Menendez.
Para "amenizar" a situação, José, pai dos irmãos, determinou que o caçula assumiria a culpa, resultando em liberdade condicional e terapia obrigatória para ele.
Em 19 de agosto, um dia antes do crime, a família Menendez fez uma viagem de barco para pesca de tubarões, durante a qual os irmãos mantiveram distância dos pais.
Ao depor, Lyle revelou que, nos dias anteriores, havia confrontado José e Kitty sobre os abusos e acreditava que ele e Erik estariam em perigo.
"Eu pensei que estávamos em perigo. Eu senti que ele não tinha escolha. Ele nos mataria. Ele se livraria de nós de alguma forma. Porque eu iria arruiná-lo", disse o rapaz ao testemunhar.
No dia seguinte à viagem, Lyle e Erik assassinaram seus pais com espingardas calibre 12. José e Kitty Menendez foram mortos com um total de 15 tiros.
O filho mais velho revelou após atingir o pai duas vezes, atirou novamente em sua cabeça, na parte de trás.
Depois, ao notar que a mãe não havia morrido de imediato, saiu da casa para recarregar a arma e retornou. "Eu simplesmente me aproximei e atirei nela de perto", afirmou Lyle no julgamento.
No Halloween de 1989, Erik, pressionado e angustiado com a situação, confessou o crime ao terapeuta Jerome Oziel. Posteriormente, Oziel gravou sessões com os irmãos onde confessaram novamente os assassinatos.
Ao mesmo tempo, em novembro daquele ano, Craig Cignarelli, um colega do caçula, colaborou com a polícia usando uma escuta ao encontrá-lo, no entanto, não teve sucesso ao tentar obter uma confissão.
Em março de 1990, Judalon Smyth, amante do psicólogo, informou à polícia sobre as gravações das confissões feitas por Oziel. Lyle foi preso em 8 de março e Erik se entregou três dias depois ao retornar de um torneio em Israel. Seguiu-se uma intensa disputa legal sobre a admissibilidade das gravações no tribunal.
O primeiro julgamento começou em 20 de julho de 1993 e foi transmitido pela CourtTV. Os irmãos alegaram abuso sexual como defesa, mas o júri ficou indeciso quanto à veracidade dessas alegações e não chegou a um veredito unânime.
O segundo julgamento iniciou-se em julho de 1995 sem câmeras no tribunal. Desta vez, o juiz não permitiu que Lyle testemunhasse devido a um livro publicado durante o intervalo entre os julgamentos.
Em março de 1996, ambos foram condenados por homicídio em primeiro grau. Já em julho de 1996, Lyle e Erik foram sentenciados à prisão perpétua sem possibilidade de liberdade condicional.
Desde então, ambos se casaram enquanto cumprem a pena e continuaram apelando suas condenações. Em abril de 2018, os irmãos se reencontraram após anos separados em diferentes prisões.
Em 2023, novas alegações surgiram quando Roy Rosselló, ex-integrante da banda Menudo, acusou José Menendez de abuso sexual durante sua adolescência. Agora, a defesa tenta anular as condenações dos irmãos. Atualmente, Lyle tem 56 anos e Erik tem 53 anos.
