Em agosto de 1989, os irmãos Lyle e Erik Menendez orquestraram o assassinato de seus pais, José e Kitty, na mansão da família em Beverly Hills
Publicado em 19/09/2024, às 20h59
Nesta quinta-feira, 19, chegou à Netflix a nova temporada da antologia sobre crimes reais da Netflix: 'Monstros: Irmãos Menendez: Assassinos dos Pais'. Iniciada em 2022 com 'Dahmer: Um Canibal Americano', em torno dos crimes do serial Jeffrey Dahmer, agora acompanhamos um dos crimes que mais chocou os Estados Unidos no início da década de 1990.
Era noite de 20 de agosto de 1989 quando Lyle e Erik Menendez, na época com 21 e 18 anos, mataram os pais, José e Kitty, com espingardas, na mansão da família localizada em Beverly Hills, na Califórnia. A princípio, foi cogitado que o crime teria sido realizado pela máfia, no entanto, as investigações apontaram os filhos como suspeitos.
Quando se fala sobre o caso, as figuras que mais chamam atenção são Lyle e Erik, os únicos membros da família que restaram vivos — condenados à prisão perpétua, atualmente com 56 e 53 anos —, e também o pai dos irmãos, José.
Um empresário cubano-americano de sucesso, José Menendez era uma figura notória na indústria de entretenimento dos Estados Unidos: estava envolvido até mesmo com o antigo grupo Menudo. Porém, sua vida íntima era marcada por suposto abuso sexual a menores e até mesmo aos próprios filhos.
Nesse cenário, uma figura que também chama atenção é Kitty, esposa de José e mãe de Lyle e Erik. Afinal, quem era Kitty Menendez? Confira!
Kitty Menendez — registrada como Mary Louise Andersen — nasceu no dia 23 de outubro de 1941 em Oak Lawn, no estado norte-americano de Illinois. Dois anos mais velha que o marido, ela estava no último ano de comunicação na Southern Illinois University, quando conheceu José Menendez, do segundo ano, em uma aula de filosofia, explica o jornalista Robert Rand explica em 'The Menendez Murders'.
Ele havia se matriculado na universidade após ganhar uma bolsa de estudos esportiva, segundo artigo de 1990 da Vanity Fair. Não demorou, entretanto, para que eles se apaixonassem. Na primavera de 1963 passavam quase todo o tempo junto. Em 8 de julho daquele ano, se casaram e, no fim do verão, mudaram para Nova York, onde José foi transferido para o Queens College.
Lá, ele se formou em economia e contabilidade, e não demorou para subir na hierarquia de várias empresas. Poucos anos depois, em 1968, Jose e Kitty tiveram seu primeiro filho, Joseph "Lyle" Menendez, no dia 10 de janeiro. Quase quatro anos depois, nasceu ErikMenendez, em 27 de novembro de 1970.
Na década de 1980, Jose foi nomeado diretor de operações da RCA-Ariola, a divisão focada em discos da RCA Corp. Como trabalhava muito tempo fora, e viajava com frequência, Kitty cuidava dos filhos em uma propriedade em Princeton, Nova Jersey.
Em 1986, a gravadora RCA foi comprada pela General Electric, e José conseguiu alcançar um cargo mais alto. Então, ele e a família deixaram Nova Jersey e passaram a viver na Califórnia, o que não agradou muito a Kitty, que amava a casa e a vida que tinha em Princeton.
Já Lyle e Erik viram a vida mudar com a mudança. No verão de 1988, eles passaram a colaborar com um grupo de jovens ricos que assaltava casas da área em que viviam. Depois, Erik até mesmo foi encaminhado ao psicólogoJerome Oziel — que foi uma testemunha fundamental nos julgamentos do assassinato.
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Para piorar, Kitty ainda ficou devastada após descobrir que Jose era infiel, explica a Vanity Fair. Karen Lam, amiga da mãe dos rapazes, afirmou à Vanity Fair, em 1990, que ela tentou tirar a própria vida em três diferentes momentos.
Edwin S. Cox ex-terapeuta de Kitty, afirmou, durante o julgamento, que os pensamentos suicidas eram consequências da infidelidade do marido, que teve um caso durante 8 anos, explica o Today.
"Ecoando o testemunho daqueles antes, Cox disse que Kitty Menendez era dependente de drogas e álcool, deprimida e obcecada com as aparências", registrou o Los Angeles Times em 1993.
Em outubro de 1988, José Menendez comprou uma mansão em Beverly Hills, equipada com piscina e quadra de tênis; e menos de um ano depois, em 20 de agosto de 1989, ele e Kitty seriam mortos à queima-roupa pelos próprios filhos.
Foi Lyle quem acionou às autoridades, dizendo que havia acabado de voltar do cinema com o irmão quando se deparou com os pais mortos.
Como já mencionado, as autoridades até mesmo acreditaram que o crime teria sido cometido pela máfia. Depois, os irmãos Menendez foram identificados como suspeitos e, sete meses depois, foram presos.
O júri pensou que a motivação para o crime seria puramente interesse na fortuna da família, no entanto, um testemunho de Lyle mudou tudo sobre o caso.
Ainda no primeiro julgamento de Lyle e Erik, os advogados dos irmãos alegaram que eles mataram os pais por medo, pois, sofreram anos de abuso. O principal abusador, segundo os relatos, era o pai, mas às vezes a mãe também o fazia, além de não agir para impedir José.
No testemunho, Lyle disse que sua mãe lavava seu corpo "em todos os lugares" até ele completar 13 anos. Além disso, alegou que ela o convidava para a cama e o fazia tocá-la "em todos os lugares".
Ele também a acusou de cometer abuso físico e emocional, o agredindo em diversas ocasiões.
O testemunho, a novas evidências, poderiam colocar à prova a condenação por prisão perpétua, mas o júri ignorou esses relatos. Até hoje, Lyle e Erik seguem detidos.
Todos os episódios de "Irmãos Menendez: Assassinos dos Pais", já estão disponíveis na Netflix.
