O corpo congelado de uma adolescente inca estava tão bem preservado que ajudou cientistas a provarem relevantes teorias sobre as civilizações antigas
Para além do Egito, muitas civilizações antigas deixaram corpos mumificados encontrados por cientistas e arqueólogos ao longo do século 20. Um dos principais desses conjuntos humanos foram os povos andinos, principalmente os incas, que possuem famosas múmias hoje conhecidas.
Uma importante descoberta ocorreu no Peru, em 1995, quando o antropólogo da National Geographic revelou um corpo congelado no Monte Ampato, no sul do país: Juanita.
Trata-se de uma garota inca de cerca de 550 anos, ainda adolescente, encontrada em parceria com um escalador peruano chamado Miguel Zárate, e que hoje é patrimônio do Museo Santuarios Andinos, da Universidade de Santa María, Peru.
Também conhecida como A Senhora de Ampato, essa múmia é um dos corpos mais bem conservados já encontrados pela arqueologia, devido ao congelamento de sua carne pelo frio da cordilheira. Pelo mesmo motivo, as roupas e acessórios da menina se mantiveram quase intactos, tal qual seus tecidos e até o conteúdo de seu estômago.
Por isso, essa importante descoberta tornou-se uma relevante fonte para o estudo da sociedade indígena nos Andes Centrais, nos momentos finais do auge incaico (no caso, ela morreu durante o reinado do Sapa Inca Pachacuti, que governou até 1472).
O bem preservado conteúdo biológico da múmia Juanita possibilitou uma série de análises genéticas feitas por cientistas de diversos pontos do mundo, tornando-a um substancial documento para a comprovação de teorias sobre a ocupação da América do Sul.
Segundo leituras de DNA e RNA, a múmia possui traços genealógicos não só com a comunidade andina, mas também com grupos panamenhos e de Taiwan e Coreia, dando peso às teorias mais recentes que afirmam que os paleoíndios têm origem nas migrações por balsa no Pacífico.
Com traumatismo craniano e deslocamento de diversos órgãos da região da cabeça, concluiu-se por radiografia que Juanita morreu após sofrer um impacto que causou hemorragias e, consequentemente, o óbito.
Fora então enterrada embrulhada numa tapeçaria (aksu, em quéchua), com adornos feitos em pena de arara na cabeça e um xale de alpaca. Sua indumentária, de alta qualidade, indica que ela era fazia parte da elite incaica de Cuzco.
Entre os objetos funerários com ela sepultados, foram encontrados alfinetes e tigelas, além das clássicas estatuetas representativas em ouro, prata e conchas marinhas. Esse patrimônio reforça as ricas origens da garota e representam um estado de saúde positivo.