Neste ano, celebra-se os 150 anos da imigração italiana ao Brasil; confira a seguir a curiosa história de Dona Itália, que nasceu a bordo de um navio de migrantes
O Brasil é conhecido no mundo todo por ser um país multiétnico após receber povos originários de várias partes do mundo ao longo de sua história. Além dos portugueses e espanhóis que colonizaram a América do Sul, e os africanos que vinham escravizados, outro povo que teve um importante movimento migratório foram os italianos, principalmente no fim do século 19 e começo do século 20.
Em 2024 a imigração italiana para o Brasil completa 150 anos. Especialmente entre 1880 e 1930, esse movimento esteve em seu auge, quando italianos passaram a buscar uma nova vida em outras terras e até mesmo tentaram fugir da Primeira Guerra.
Durante as longas viagens, infelizmente, muitas pessoas acabavam adoecendo e morrendo, de forma que arriscar uma nova vida aqui dependeria de, antes, arriscar a própria vida em uma longa, precária e arriscada viagem.
Porém, também eram celebrados os nascimentos de crianças nos trajetos, além da esperança daqueles que finalizavam a viagem.
Foi assim que começou, inclusive, a história de Dona Itália, uma mulher que vive no município de Jaguaquara, na Bahia. Confira!
Filha de um casal de italianos, Itália nasceu "entre Itália e Espanha, vindo da Itália", conforme contou em entrevista ao Globo Repórter, exibida na última sexta-feira, 16.
Ela menciona que nasceu apenas dois dias depois de seus pais iniciarem a viagem, e na ocasião sua mãe estava grávida de gêmeas — infelizmente, sua irmã morreu poucos meses após chegar ao Brasil.
O pessoal de lá, todo mundo ia visitar. Ganhei ouro, minha mãe chegou cheia de dinheiro", lembra, brincando. O navio que serviu como seu primeiro berço se chamava Biancamano.
Hoje, é sabido que as regiões sul e sudeste do Brasil concentram as maiores comunidades italianas formadas após a imigração. No entanto, existem pessoas que decidiram se aventurar em outra região do Brasil. No Nordeste, fundaram quatro colônias; e uma delas, localizada no atual município de Jaguaquara, Bahia, fascinou a mãe de Dona Itália à primeira vista.
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"Quando ela chegou e viu tanta terra, ela disse que ficou tão feliz, respirava aquele ar puro de felicidade. E aí ela disse: 'é aqui que eu vou ficar, é daqui que eu gosto'. E ficou. Meu pai trabalhava, sempre falando de ir embora para a Itália, e ela disse que nunca tinha vontade de ir embora, que ela conseguiu ir para a terra onde ela queria, para ter paz e sossego, porque lá [na Itália] estava só debaixo de guerra. E aí ela gostou do Brasil."
O nascimento não foi o único grande acontecimento da vida de Itália a bordo. "Uma senhora foi visitar minha mãe com o filho, que tinha sete anos. Como tinham duas, ele escolheu uma [a própria Itália] e disse 'essa vai ser a minha futura esposa'", conta ela em entrevista.
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De fato, por mais improvável que pareça, no futuro aquele garotinho se tornaria marido de Itália, com quem esteve junto por muitas décadas até que ele falecesse.
Com o tempo, ela abriu um restaurante que recebeu o nome do navio em que nasceu, "Biancamano", mas hoje ela já é aposentada. Quem cuida do negócio é sua filha, Lília.