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Matérias / Personagem

Sedução nazista: Hilda Krüger, a implacável espiã de Hitler nas Américas

Seduzindo, inclusive, o presidente do México, Krüger se tornou uma das mais importantes figuras do nazismo, mesmo após ter sido expulsa da Alemanha

Caio Tortamano Publicado em 19/01/2020, às 10h00

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Hilda Krüger - Wikimedia Commons
Hilda Krüger - Wikimedia Commons

Por mais que os caça-talentos não vissem talento nato na atuação de Hilda Krüger, a rede de conexões que a atriz alemã tinha — e futuramente viria a ter — foi fundamental para sacramentar sua carreira. Baixa, loira e de olhos azuis, ela era muito próxima do ministro da propaganda nazista, Joseph Goebbels.

Essa proximidade fez com que Hilda conseguisse diversos papéis em produções nacionais, e se tornou um rosto conhecido nas telonas alemãs. Mas a sua beleza e intimidade com Goebbels levaram a mulher do nazista, Magda, ao ciúme extremo. Com isso, Krüger foi obrigada a abandonar a Alemanha.

Porém, engana-se quem acredita que isso significou algum declínio na vida da atriz. Com a expulsão de sua terra natal, a mulher foi procurar o estrelato em Los Angeles, não conseguindo o sucesso que esperava, mas alcançando o papel que filme nenhum poderia lhe dar: a de espiã nazista.

Hilda e o ator alemão, Erich Fiedler / Crédito: Wikimedia Commons

A sua simpatia e beleza foram peças chaves para que chamasse a atenção do bilionário Jean Paul Getty, que se interessou pela mulher e, a partir daí, os dois começaram a ter uma relação próxima, mas não necessariamente íntima. Hilda estava dentro de todo o círculo social mais seleto dos Estados Unidos, recolhendo informações ao Reich que não eram fáceis de obter.

Para ela nada era tão difícil a ponto de sua sedução não resolver. Ao descobrir que os figurões do petróleo nos Estados Unidos compravam o combustível do México e o enviavam para a Alemanha, ela decidiu que seria ao sul da fronteira seu local de atuação.

Dentro da alta classe política mexicana —que tinha uma admiração velada por Hitler, em ódio aos Estados Unidos —, Hilda seduziu Ramón Beteta, vinculado ao Banco Central mexicano e que havia sido sub-secretário de Relações Exteriores.

Com essa relação e usando seu corpo como ferramenta, ela ouviu de Beteta que o país tinha muito interesse em enviar petróleo para a Alemanha, mas não o fazia por medo à represália dos americanos.

Ela logo pensou que poderia ajudar, indicando que os empresários americanos — dos quais tinha total acesso — poderiam comprar em nome de terceiros o combustível e enviar para os nazistas.

Após Beteta, seu alvo era outro. O secretário de Governo, Miguel Alemán Valdés, era tido como um amante insaciável e se apaixonou por Hilda, dando acesso a diversos generais e funcionários com os quais ela se relacionou para conseguir informações para Hitler.

Miguel Alemán Valdés, futuro presidente do México / Crédito: Wikimedia Commons

Sua espionagem chegou ao fim com o ataque a Pearl Harbor e a entrada dos Estados Unidos na Segunda Guerra Mundial. Com a afronta dos japoneses (aliados dos nazistas), a Casa Branca tratou de expulsar do país 22 alemães envolvidos com o nazismo, incluindo Hilda.

Sua vida foi em declínio após isso, não conseguindo se reaproximar de Alemán (já presidente do México), voltou ao país buscando estrelar alguns filmes. porém, nenhum foi de destaque.

Depois do fim da guerra, Krüger decidiu voltar para a Europa, mais especificamente para a Suíça. Lentamente, o que um dia era uma vida de luxo e importância no meio social e político, começou a se tornar mais uma história de uma atriz que não resistiu aos efeitos do tempo, caindo em esquecimento total até sua morte, em 1991.


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