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Matérias / Arqueologia

A história por trás do ovo intacto de 1.700 anos do Império Romano

Datado aproximadamente do século 4, antigo ovo encontrado na Inglaterra surpreendeu comunidade arqueológica por ainda conter líquido dentro

Éric Moreira Publicado em 25/02/2024, às 09h00 - Atualizado em 27/02/2024, às 18h30

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Ovo de 1.700 anos encontrado em assentamento romano na Inglaterra - Divulgação/Oxford Archaeology
Ovo de 1.700 anos encontrado em assentamento romano na Inglaterra - Divulgação/Oxford Archaeology

Em 2019, escavações realizadas no condado de Buckinghamshire, na Inglaterra, foram marcadas por uma descoberta arqueológica bastante inusitada: um ovo intacto de 1.700 anos, que serviria de alimento para algum habitante do antigo Império Romano e resistiu ao tempo, e ainda apresenta líquido preservado em seu interior.

+ Arqueólogos encontram ovos de galinha de 1.700 anos incrivelmente preservados

Embora o ovo tenha sido preservado, a descoberta não permite o consumo. O ovo foi encontrado em um cesto, onde provavelmente havia um povo, numa comunidade próxima a uma estrada romana, segundo o site Um só planeta.

Além da descoberta fascinante, também foram encontradas moedas, um calçado de couro, um cesto de tecido e outros ovos — porém, quase todos se romperam logo após entrarem em contato com o ar.

Apesar da natureza incrivelmente frágil dos ovos, a equipe no local conseguiu recuperar um intacto. Os outros, infelizmente, quebraram, emitindo um cheiro incrivelmente sulfuroso!", explicam em comunicado os pesquisadores do time de patrimônio e arqueologia do Conselho de Buckinghamshire, na Inglaterra.
Alguns vasos também foram encontrados no local / Crédito: Divulgação/Oxford Archeology

Descoberta rara

Os especialistas em arqueologia britânicos consideraram o ovo — aparentemente de galinha — um achado único, representando a possibilidade de novas pesquisas no estudo paleontológico de pássaros, especificamente na época do Império Romano e os costumes que os criadores de animais tinham no território onde hoje se encontra o Reino Unido.

Segundo Edward Biddulph, gerente sênior de projetos da Oxford Archaeology, instituição envolvida nas escavações, em entrevista à Newsweek, "normalmente, os arqueozoólogos e outros arqueólogos que pesquisam aves antigas têm apenas os ossos das aves e, menos comumente, fragmentos de casca de ovo para usar na análise".

Por isso, o achado se faz ainda mais especial. "O conteúdo do ovo disponível abrirá uma gama muito mais ampla de oportunidades de pesquisa."

Pesquisas 

Após ser encontrado, o ovo foi levado ao Museu de História Natural de Londres, e passou por análises mais aprofundadas. Após uma micro tomografia computadorizada, foi confirmado que não só estava cheio de líquido, como também com uma bolha de ar.

Representação do conteúdo interno do ovo após micro tomografia computadorizada / Crédito: Divulgação/DGB Conservation

Ficamos todos surpresos ao saber que o ovo é ainda mais raro do que pensávamos e, com o seu centro líquido intacto, é o único exemplo conhecido deste tipo no mundo", afirmam Douglas Russell e Arianna Bernucci, especialistas em pássaros do Museu de História Natural de Londres.

Por que estava no poço?

Um fato intrigante da descoberta, indiscutivelmente, é o fato de o ovo preservado ainda possuir conteúdo líquido em seu interior. Porém, outra pergunta pairou sobre a cabeça daqueles que observaram a descoberta: o que aquele ovo, que serviria como alimento, fazia num poço?

Fotografia tirada em meio a escavações que revelaram ovo de galinha de 1.700 anos na Inglatera / Crédito: Divulgação/Oxford Archaeology

Os pesquisadores acreditam que ele, provavelmente, foi deixado propositalmente como oferenda. Vale mencionar que, da mesma forma como ainda existe o costume de atirar moedas em um poço, em algumas regiões, as pessoas do Império Romano atiravam não só moedas, como também alimentos e outros objetos, em pequenos rituais.

"Depois que os habitantes do assentamento romano à beira da estrada em Berryfields pararam de usar o poço para extrair água para fabricação de cerveja, eles usaram a cova para fins rituais, colocando moedas, potes de cerâmica e, claro, ovos, como oferendas aos deuses ou para dar sorte", afirma, por fim, Edward Biddulph.