Em documentário disponível no streaming, arqueólogos investigam a descoberta poderosa dos guerreiros de Terracota, na China
Publicado em 06/08/2024, às 13h00
Nas profundezas da província de Shaanxi, na China, repousa um exército monumental, destinado à eternidade. Mais de 7.000 soldados de terracota, em tamanho real, guardam o túmulo do primeiro imperador da China, Qin Shi Huang, desde o ano 210 a.C.
A descoberta acidental, feita em 1974 por agricultores locais, revelou ao mundo um dos maiores tesouros arqueológicos da História. O exército de terracota, composto por soldados, cavalos e carruagens de guerra, foi meticulosamente esculpido em terracota, uma argila cozida.
Cada figura, com seus detalhes intricados e expressões únicas, representa um indivíduo real, desde generais experientes até jovens recrutas. A vastidão e o realismo desse exército impressionam até hoje, oferecendo um vislumbre do poderio militar do Império Qin e das crenças sobre a vida após a morte prevalecentes na época.
No entanto, apesar da grandiosidade representada pelas esculturas, o passado pode revelar uma sociedade cruel e violenta. É isso que aborda o documentário "Os Mistérios dos Guerreiros de Terracota", disponível na Netflix. A produção acompanha um grupo de arqueólogos e especialistas forenses que investigam os tesouros funerários do primeiro imperador.
A construção do exército colossal iniciou-se em 246 a.C., logo após a ascensão de Qin Shi Huang ao trono. Acredita-se que milhares de artesãos e trabalhadores tenham dedicado anos a essa tarefa monumental, moldando e cozendo cada peça com precisão e cuidado.
O objetivo era garantir que o imperador fosse acompanhado por sua guarda leal para a outra vida, protegendo-o e garantindo-lhe poder e glória na eternidade.
O túmulo de Qin Shi Huang, que ainda não foi totalmente escavado, é um complexo funerário extenso e intrigante. Estima-se que o local abrigue outros tesouros inestimáveis, como artefatos que revelam ainda mais sobre a vida e a cultura daquela época.
Como resgata o documentário da Netflix, a câmara funerária e sua construção revelam um passado obscuro marcado por violência entre gerações — resultando até mesmo na destruição de alguns guerreiros de terracota. Qin Shi Huang foi o primeiro imperador da China, unificando os diversos vilarejos existentes na época em um grande império. Contudo, suas conquistas territoriais foram acompanhadas por milhares de mortes.
Após a morte do imperador, alguns de seus homens mais fiéis realizaram um golpe para colocar seu filho caçula, Hu Hai, no trono ao invés do irmão mais velho. Graças a uma carta falsa, o plano deu certo e os irmãos de Hu Hai foram mortos brutalmente — seja por mutilação ou forçados ao suicídio.
Com Hu Hai no poder, muitos rebeldes se uniram para lutar contra o exército chinês, mas acabaram vencidos por prisioneiros chamados para lutar em nome do imperador com a promessa de perdão oficial. Anos depois, Zhao Gao — responsável pelo primeiro golpe — aplicou outro golpe contra Hu Hai. Com o novo imperador no poder, Gao foi morto e a história da China continuou marcada por golpes e diferentes imperadores.
Em meio à revolta, rebeldes invadiram a câmara funerária que continha os guerreiros de terracota e destruíram muitos deles como forma de protesto contra a situação vivida.
O grupo de arqueólogos revelou ter encontrado diversos itens no interior do túmulo real da dinastia Qin — uma das principais descobertas da história do país. "A oportunidade de escavar este túmulo é algo sem precedentes. É uma oportunidade única," disse Jiang Wenxiao, chefe da escavação no documentário.
"O que torna esse túmulo tão curioso é tratar-se de um guerreiro verdadeiro da dinastia Qin," afirmou Janice, uma das arqueólogas do projeto. "Já encontramos milhares de guerreiros de terracota, mas nunca tivemos a oportunidade de escavar um guerreiro Qin real."
