Professor emérito da Universidade de Roma, Roberto de Mattei critica documento assinado pelo Papa em Abu Dhabi como traição do passado e da doutrina
Na última terça-feira, 5 de fevereiro, o Papa Francisco concluiu uma visita oficial aos Emirados Árabes Unidos. A viagem representou um marco nas relações inter-religiosas em todo o mundo: foi a primeira vez que um chefe da Igreja visitou um país da Península Arábica. Durante a visita, o Papa se reuniu com 150 líderes religiosos e assinou o Documento sobre a fraternidade humana em prol da paz mundial e da convivência comum, com Ahmad el-Tayeb, Grande Imame da Mesquita Al-Azhar do Egito.
A aproximação tem sido celebrada na maior parte do mundo. Católicos tradicionalistas - incluindo teólogos e historiadores -, no entanto, acreditam que as declarações do Papa Francisco feitas durante o evento derrubam a doutrina do Evangelho. Em outras palavras, que o Papa é um herege.
O Documento sobre a Fraternidade convida “todas as pessoas que têm fé em Deus e fé na fraternidade humana a unirem-se e trabalharem juntas para que sirvam de guia às futuras gerações para promover uma cultura de respeito mútuo na consciência da grande graça divina”.
Comentando sobre a Arca de Noé, o Papa afirmou: "De acordo com o relato bíblico, a fim de preservar a humanidade da destruição, Deus pediu a Noé que entrasse na arca junto com sua família. Nós também em nome de Deus, a fim de salvaguardar a paz, precisamos entrar juntos como uma família numa arca que pode navegar pelos mares tempestuosos do mundo: a arca da fraternidade ”.
Para o historiador e católico tradicionalista Roberto de Mattei, o documento e as recentes declarações do Papa Francisco estão em descontinuidade com os ensinamentos dos papas Gregório XVI a Pio XI e o Quarto Concílio de Latrão, convocado pelo Papa Inocêncio III em 1213.
“Se os homens, de fato, em nome da fraternidade, são obrigados a viver juntos sem um fim que dê sentido ao seu sentido de pertencimento, a Arca se torna uma prisão, e a fraternidade - imposta em palavras - é destinada à fragmentação e ao caos”.
Além disso, segundo de Mattei, a ideia de fraternidade, nova palavra de ordem do atual pontificado, se alinha aos ideais da Maçonaria, condenada pela Igreja. A Maçonaria é ecumênica, exigindo apenas o reconhecimento do Grande Arquiteto do Universo – a religião da pessoa sendo livre (inclusive nenhuma, se acreditando em Deus dessa forma geral).
“Na realidade, a Maçonaria continua a ser condenada pela Igreja, mesmo que os homens da Igreja, nos mais altos níveis, pareçam abraçar suas ideias. Mas o ensinamento do divino Mestre continua a ressoar em corações fiéis: lá o amor pelo próximo só pode ser baseado no amor a Deus. E sem referência ao Deus verdadeiro, que só pode ser amado dentro da Arca da Salvação da Igreja, a fraternidade é apenas uma palavra vazia que esconde o ódio de Deus e do próximo.”
Segundo Chad Pecknold, professor de teologia da Universidade Católica da América, as declarações são controversas, mas devem ser interpretadas dentro de seu contexto. “A ideia de que Deus deseja a diversidade de cor, sexo, raça e idioma é facilmente compreendida, mas alguns podem achar intrigante ouvir o Vigário de Cristo falar sobre Deus querer a diversidade das religiões”.
Com informações de LifeSite News