De adorado pela Europa a inimigo do Ocidente, este ditador de origem beduína foi o déspota da História da África
Muammar al-Gaddafi foi um dos mais sanguinários ditadores do século 20, responsável por mudanças radicais na geopolítica mundial e por diversos crimes contra seu próprio povo. Uma figura nada simples, se envolveu com polêmicas desde cedo e gera debates até os dias atuais.
Tudo começou quando o militar de família pobre, nascido numa tribo beduína itinerante, liderou uma revolução popular contra Idris I, o rei da Líbia que permitia a entrada abusiva das potências europeias para a exploração dos recursos do país. Gaddafi, então, deu início a um governo anticolonial e se tornou Irmão Líder e Chefe da Grande Revolução de Jamahiriya Popular Socialista da Líbia.
Os recursos, principalmente o petróleo, se tornaram bens nacionais e um sistema de assistência foi implementado. No início, Gaddafi era oficialmente líder de Estado e, a partir dos anos 1970, se retirou de todos os cargos e passou a ser considerado líder simbólico e Guia Fraternal da Revolução.
Em 1975, ainda no governo, ele escreveu o Livro Verde, uma elucidação teórica de seu projeto de economia-política em que defende a forma produtiva socialista e um sistema político baseado na democracia direta.
Entretanto, ele se utilizou desse esquema para, com a aplicação da força do exército, criar uma pirâmide em que ele estava no topo. Os Comitês Revolucionários passaram a ser vigiados pela guarda nacional, assim como órgãos do governo, escolas e fábricas. A repressão policial passou a ser bastante dura, cometendo diversos crimes contra o povo.
Internacionalmente, o tirano ganhou destaque ao Norte da África. Ele era um aliado da Europa, pois mantinha o petróleo barato no mercado externo, evitando grandes conflitos. Porém, devido aos projetos de emancipação econômica para a África, seu confronto direto com o imperialismo e tentativa de formação de moedas autônomas ao poder de países como EUA e França, passou a ser considerado uma ameaça aos poderosos.
Nos anos 1990, o governo Gaddafi já estava em crise: se por um lado as potências do Norte organizavam pressões para sua derrubada pela ONU, o governo passou a ser alvo de ataques de terroristas islâmicos, que viam o governo socialista e ateu da Líbia como herético. Com uma dura repressão, ele se manteve em pé.
Todavia, em 2011, uma onda de protestos por democracia tomou o Oriente Médio, o que ficou conhecido como Primavera Árabe: Tunísia, Egito, Marrocos, e muitos outros países derrubaram seus ditadores. Como a Líbia é rica em recursos e Gaddafi era uma ameaça aos EUA e à França, a OTAN se reuniu e decidiu aproveitar os protestos para invadir o país e derrubar o tirano.
Então, forças estrangeiras ocuparam o país e deram início, junto à oposição armada, que também era contra a invasão, à Guerra Civil. Gaddafi lutou pelo poder, mas acabou saindo de Trípoli e se refugiando em Sirte, seu principal reduto de apoiadores.
A cidade foi bombardeada pela OTAN e invadida pelos dissidentes do regime, que encontraram o ditador fugindo num sistema de tubulações, o capturaram, o lincharam publicamente e expuseram seu corpo mutilado e inconsciente numa passeata.
Gaddafi morreu na mão da oposição, mas o país passou a sofrer novamente com a colonização, com a guerra e com a aplicação de um governo de transição que, até hoje, não retornou a estabilidade política do país.
+Saiba mais sobre Gaddafi através de obras importantes
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2. Die letzte Nacht des Muammar al-Gaddafi, de Yasmina Khadra (2016) - https://amzn.to/2OZtJdv
3. Gaddafi's the Green Book, de Muammar al-Gaddafi (2016) - https://amzn.to/2VTvpa1
4. History of Libya Under Muammar al-Gaddafi - https://amzn.to/2J3SUYR
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