A banda feminina fez fortes críticas à invasão americana no Iraque, em 2003, e as integrantes foram boicotadas por conservadores e republicanos nos EUA
Não foram poucos os americanos que se opuseram à investida do país contra o Iraque em meados de 2003. Em estados conservadores, como o Texas, era menos comum que as pessoas se opusessem aos esforços de Bush para tirar Saddam Hussein do poder. Porém, foi justamente um grupo feminino de country do Texas que se posicionou contra o conflito publicamente, e gerou muita controvérsia.
As Dixie Chicks são lideradas pela vocalista Natalie Maines e as irmãs Emily Robinson e Martie Maguire, e foram extremamente populares durante os anos 2000. Todo o sucesso, porém, não foi capaz de parar o desenfreado boicote que as mulheres sofreram depois que a vocalista criticou, em 2003 durante um show em Londres, a invasão americana em solo iraquiano.
“Só para que vocês saibam, nós estamos do lado certo com todos vocês. Nós não queremos essa guerra, essa violência, e estamos envergonhadas que o presidente dos Estados Unidos (George Bush) venha do Texas”.
A fala, dada nove dias após o início das operações no Oriente Médio, foi aplaudida pelo público londrino, mas muito mal recebida pelos republicanos e conservadores dos Estados Unidos. A mídia americana aliada ao pensamento republicano afirmou que a cantora não poderia criticar Bush enquanto em solo estrangeiro. Como resposta, Maines simplesmente afirmou que: “só falei lá (em Londres) porque era onde eu estava”.
Antes da polêmica declaração, o cover das Dixie Chicks da música Landslide, do Fleetwood Mac, era número 10 nas mais escutadas do país. Em questão de uma semana, a música foi parar na posição 43, tamanha a rejeição de parte do público.
Em 14 de março, Maine, como líder do grupo e autora da declaração, se desculpou publicamente por ter ofendido Bush, e justificou a sua fala: “Como uma cidadã americana preocupada, peço desculpas ao presidente Bush porque minhas considerações foram desrespeitosas. Eu sinto que quem quer que seja o ocupante do cargo deve ser tratado com todo respeito”.
Ela completou: “Estamos aqui na Europa presenciando um imenso sentimento antiamericano como resultado de uma busca desenfreada pela guerra. Enquanto o confronto parecer uma opção viável, eu, como mãe, só quero ver toda alternativa ser tentada antes que a vida de crianças e soldados americanos seja perdida. Eu amo meu país. Eu sou uma americana orgulhosa.”.
Em uma das ações mais famosas contra o grupo, antigos fãs das Dixie Chicks foram orientados a levar os CDs que tinham para serem esmagados por uma escavadeira. Semanas depois, uma rádio de Atlanta fez uma pesquisa e descobriu que 76% das pessoas que participaram desse ato se arrependeram de terem destruídos os discos.
O presidente Bush respondeu à controvérsia durante uma entrevista para Tom Brokaw, na televisão, e disse: “As Dixie Chicks são livres para falar o que vem à mente delas. Elas podem dizer o que querem, e não deveriam ter se sentir ofendidas porque algumas pessoas não querem comprar seus álbuns quando se pronunciam. Liberdade é uma via de mão-dupla, e eu não me importo com o que elas falaram”.
A situação demorou a melhorar, o grupo foi ameaçado de morte diversas vezes, o que levou as mulheres a instalarem detectores de metal na porta de seus shows para que ninguém entrasse armado. Em Dallas, durante turnê delas no país, Natalie Maines foi ameaçada de uma maneira muito pessoal, o que levou o grupo a ser escoltado pela polícia do hotel até o show e de lá até o aeroporto.
A organização humanitária Cruz Vermelha dos Estados Unidos recusou uma doação de um milhão de dólares das Dixie Chicks. Em justificativa, o representante da Cruz Vermelha disse que não era possível aceitar a parceria delas por não cumprirem com dois dos mais importantes princípios da organização, que seriam imparcialidade e neutralidade.
Tendo vencido 14 prêmios Grammy, o grupo ficou marcado não somente pelo polêmico episódio, mas também como sendo o grupo feminino a receber o maior número das estatuetas douradas mais cobiçadas da indústria musical.
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