Criado por um construtor de carruagens, o empresário lançou um carro que era diretamente comparado ao modelo T
Em meados do século 19, muitos norte-americanos tinham relações íntimas com o passado escravista dos Estados Unidos. Esse é o caso de Frederick Douglas Patterson, que, inclusive, foi batizado em homenagem a um famoso abolicionista.
Nascido em 1871, o jovem era filho de Charles Richard Patterson, um ex-escravo que escapou da Virgínia para Ohio, pouco antes da Guerra Civil. Muito além da ligação com seu passado, todavia, Frederick também herdou a paixão por automóveis de seu pai.
Quando jovem, Charles ensinou aos seus filhos tudo sobre o mercado de carruagens. Foi assim que o pequeno Frederick tornou-se o homem conhecido por ter criado os modelos automotivos antes mesmo que Henry Fordsonhasse com um carro motorizado.
Coisa de família
Frederick cresceu ao lado de mais três irmãos: Katherine, Dollie e o pequeno Samuel. Formado no ensino médio, ele logo entrou na Universidade Estadual de Ohio, onde descobriu seu amor pelo futebol — ele, inclusive, foi o primeiro afro-americano a integrar o time oficial da faculdade, o Ohio State Buckeyes, em 1891.
Pouco antes de se formar, no entanto, o jovem recebeu uma oferta de emprego. Longe da carreira que Samuel estava construíndo ao lado do pai com as carruagens, Frederick abandonou os estudos para virar professor de história do ensino médio em Kentucky.
Em meados de 1897, no entanto, Charles adoeceu e, pouco mais tarde, em uma sequência trágica de eventos, o jovem Samuel faleceu. De repente, não tinha mais ninguém que pudesse seguir com os negócios da família. Com isso, Frederick abandonou seu posto de professor e retornou para Ohio.
Um inventor incurável
Anos depois, quando a CRPatterson and Sons já era reconhecida no mercado, Charles faleceu, em 1910. Sozinho, Frederick teve de assumir os negócios da família por completo, tornando-se chefe da empresa de seu pai.
Acostumado com o mercado de carruagens para cavalos, Frederick decidiu inovar o cenário da mobilidade da época. Assim, ele criou o primeiro modelo do carro Patterson-Greenfield, que foi apresentado ao mundo 1915.
Comercializado por cerca de US $ 850, os veículos criados pelo jovem eram diretamente comparados ao modelo T, de Henry Ford. Tendo conquistado uma parcela do mercado, Frederick ainda marcou a história como o primeiro afro-americano a possuir uma empresa de fabricação de automóveis.
O fim de um reinado
Eventualmente, Frederick percebeu que a competição era bastante intensa — e ele também não recebia muitos investimentos. Dessa forma, com 150 de seus carros distribuídos pela região, o empresário decidiu mudar de ramo.
Criando laços com outros grandes comerciantes da época, o jovem passou a produzir carrocerias para caminhões e ônibus, utilizando peças já produzidas pelas gigantes Ford ou GM. Com clientes leais, ele sentiu que teria encontrado seu lugar no mercado.
Logo depois da Grande Depressão, entretanto, a empresa familiar enfrentou alguns obstáculos impossíveis de superar. Problemas financeiros tomaram conta do país e os clientes recorrentes deixaram de investir na loja de Frederick.
Com dois filhos ao seu lado, Frederick acabou falecendo poucos anos depois, em meados de 1932. Postell Patterson, um dos herdeiros do homem, tentou seguir com os serviços da empresa, mas, sem o apoio do querido pai, acabou fechando as portas em 1939.
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