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Matérias / Manchester City

Fortuna e sportwashing: As polêmicas do dono do Manchester City

Sheik Mansur bin Zayed Al Nahyan possui fortuna avaliada em R$ 130 bilhões e faz parte da família que possui 10% do petróleo mundial

Fabio Previdelli
por Fabio Previdelli
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Publicado em 19/12/2023, às 17h16

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Mansour bin Zayed Al Nahyan e o time do Manchester City - Getty Images
Mansour bin Zayed Al Nahyan e o time do Manchester City - Getty Images

Nesta terça-feira, 19, o Manchester City bateu o Urawa Reds, do Japão, e se classificou para a final do Mundial de Clubes, onde enfrentará o Fluminense, do Rio de Janeiro, na próxima sexta-feira, 22, às 15h.

Atual campeão da Liga dos Campeões da Europa, o time azul da maior cidade da Inglaterra se tornou protagonista do futebol mundial nos últimos anos. E parte dessas conquistas estão ligadas a um homem. Mas não, não estamos falando de Pep Guardiola, um dos maiores treinadores de todos os tempos. O sucesso do City é gracas ao Sheik Mansour bin Zayed Al Nahyan.

O Sheik

Membro da Família Real dos Emirados Árabes, Mansour bin Zayed Al Nahyan é o quinto filho do emir de Abu Dhabi, Sheik Zayed bin Sultan Al Nahyan. Nascido em 21 de novembro de 1970, Mansour estudou nos Estados Unidos na Santa Barbara Community College, em 1989. Quatro anos depois, recebeu o diploma de bacharel em Relações Internacionais pela Universidade dos Emirados Árabes Unidos.

No mesmo período, recorda o portal Premiere League Brasil, Al Nahyan ainda se tornou proprietário do Al Jazira Football Club, clube de futebol de sua cidade natal. A relação com esporte, ainda, se tornará mais presente com o passar do tempo (algo que será explicado mais abaixo!). 

O Sheik Mansour bin Zayed Al Nahyan/ Crédito: Getty Images

Em 1997, bin Zayed foi nomeado presidente do gabinete presidencial; naquele ano, seu pai ainda era presidente dos Emirados Árabes Unidos. Com a morte do Sheik Zayed, em 2004, ele foi nomeado por seu meio-irmão mais velho, o Sheik Khalifa bin Zayed Al Nahyan, como primeiro-ministro de assuntos presidenciais de seu país.

+ De iates mais caros do mundo a irmão dono do Manchester City: 5 curiosidades sobre o Sheik MBZ

Mansour ainda ocupou vários cargos em Abu Dhabi para apoiar seu irmão, o Sheik Mohammed bin Zayed Al Nahyan, que ainda era o príncipe herdeiro na época. Atualmente, Mansour bin Zayed Al Nahyan é vice-presidente e vice-primeiro-ministro dos Emirados Árabes Unidos, assim como ministro da corte presidencial da nação. 

A fortuna

Como membro da Família Real dos Emirados Árabes, que comanda Abu Dhabi desde 1700, a fortuna de Mansour é estimada em US$ 41 bilhões de dólares (R$ 130 bilhões), segundo a Forbes. A quantia é oriunda, da maior parte, de negócios relacionados ao petróleo — estima-se que sua família possua cerca de 10% das reservas naturais de petróleo de todo o mundo

Mansour também é dono de uma vila em Los Quintos de San Martin, na Espanha, cujo valor é estimado em 320 milhões de reais. Embora seja proprietário de muitas riquezas, a família Al Nahyan sempre gosta de se hospedar no 'melhor hotel do mundo', em Abu Dhabi. O único sete estrelas do planeta. 

Os investimentos de Mansour bin Zayed Al Nahyan ainda refletem na mídia inglesa, com ele sendo o principal acionista do Abu Dhabi Media Investment Corporation. Isso sem contar seu luxuoso iate. 

Com oito andares, 147 metros de comprimentos, dois helipontos, academia, três piscinas e até mesmo cinema, a embarcação, avaliada em R$ 3 bilhões, pode transportar até 100 pessoas confortavelmente. O iate, aliás, foi emprestado ao ator Leonardo DiCaprio, enquanto ele esteve no Brasil para acompanhar a Copa do Mundo de 2014.

Envolvimento com o esporte

Os carros de luxo também são uma paixão de Al Nahyan, que em sua garagem possui uma coleção riquíssima de Mercedes, Ferrari, Lamborghini, Porsche e Bugatti. O vício é tamanho que, segundo aponta o The Sun, o Sheik é acionista da Ferrari, possuindo 5% da marca italiana. 

A compra, inclusive, foi benéfica para convencer a Federação Internacional de Automobilismo (FIA) de que Abu Dhabi deveria receber uma corrida no calendário da Fórmula Um. O Grande Prêmio de Abu Dhabi é disputado desde 2009.  

Mas o investimento mais famoso de bin Zayed é outro: o Manchester City, time da elite do futebol inglês. Em 2008, o City Football Group, de Mansour Al Nahyan adquiriu o clube do primeiro-ministro tailandês, Thaksin Shinawatra, por 1,22 bilhão de reais. O Sheik já investiu mais de 6 bilhões no clube e, em 2015, vendeu 13% das ações do time por R$ 1,54 bilhão, relatou a ESPN.

Manchester City comemorando o título da Champions League/ Crédito: Getty Images

Desde então, aquele que era um modesto clube, que tinha apenas dois títulos nacionais, conquistou sete títulos da Premiere League, diversas copas nacionais e a desejada Champions League, principal competição de clubes da Europa, na temporada passada. 

Importante ressaltar que o City Football Group também é dono de outros 13 clubes de futebol, sendo os mais famosos: Ney York City (EUA), Girona (atual líder da primeira divisão espanhola) e o Bahia (tradicional clube do nordeste brasileiro). 

Sportwashing

Mas por trás de todo o investimento no mundo esportivo, Mansourbin Zayed Al Nahyan é acusado de violação dos Direitos Humanos. Em 2013, a Anistia Internacional acusou o Sheik de utilizar o futebol inglês para melhorar sua reputação — o famoso sportwashing.

Na ocasião, o Observatório dos Direitos Humanos relatou 94 prisões em Abu Dhabi de pessoas acusadas de conspiração contra o governo. O órgão não só classificou as prisões como injustas, como também alegou que os detidos sofriam algum tipo de tortura.

A Anistia Internacional reportou que o ato estava longe de ser novidade em Abu Dhabi, apontando que a família utilizava o City como "ferramenta para construir uma imagem pública de progresso e de um Estado dinâmico e em constante evolução". 

Mais recentemente, em outubro deste ano, advogados de um ativista ucraniano escreveram uma carta ao Secretário dos Negócios Estrangeiros do Reino Unido, James Cleverly, pedindo para investigar se Mansour ajudou os oligarcas russos a transferir os seus bens para os Emirados Árabes Unidos e a escapar das sanções impostas após a invasão da Rússia. 

Caso a conduta do Sheik fosse comprovada na ação, ele deveria ser desqualificado da condição de proprietário do Manchester City, seguindo as novas regras utilizadas pela Premiere League, reportou o The Guardian.