Time de pesquisadores acredita ter encontrado um artefato antigo em pintura renascentista; entenda!
Jean Fouquet é considerado como o mais relevante pintor renascentista da história da França. Ele viveu durante o século 15, quando o Renascentismo apenas começava, e era especializado na criação de painéis e iluminuras (pinturas decorativas que enfeitavam os pergaminhos medievais).
"Díptico de Melun", uma obra de sua autoria finalizada em 1455, foi alvo de um estudo publicado recentemente, no entanto, não por conta das contribuições do artista à arte francesa, e sim devido à presença de um curioso objeto na tela.
Conforme teorizado por uma equipe formada por pesquisadores da Universidade de Dartmouth e da Universidade de Cambridge, Fouquet teria representado uma ferramenta da Idade da Pedra no trabalho.
Dípticos, vale detalhar, consistem em painéis articulados compostos por duas metades que podem ser fechadas de forma semelhante a um livro, conforme repercutiu o ZME Science.
Em Díptico de Melun, em particular, o painel direito mostra a Virgem Maria e Jesus Cristo, enquanto o esquerdo representa Santo Estevão ao lado de Etienne Chevalier, tesoureiro do rei Carlos VII da França.
Nas mãos do santo, está um livro, e, sobre ele, uma rocha. De acordo com a pesquisa recente, no entanto, não se trata de uma pedra qualquer, e sim de um machado de mão acheuliano, uma das mais antigas ferramentas criadas pela humanidade.
A conclusão dos pesquisadores foi alcançada após uma análise cuidadosa do objeto em comparação a imagens desses artefatos da Idade da Pedra que sobreviveram até os tempos atuais. Eles determinaram que as semelhanças são inegáveis, de forma que Fouquet "provavelmente" havia usado uma dessas ferramentas em pedra lascada como modelo para a pintura.
As machadinhas acheulianas são um dos artefatos paleolíticos mais investigados. Eles também representam um dos poucos tipos de artefatos de pedra que entraram na cultura popular”, explica a equipe no artigo científico a respeito de sua pesquisa.
Vale destacar que, na época em que o pintor francês viveu, ainda não tínhamos as informações atuais sobre os antigos machados, de forma que, ao que tudo indica, Jean Fouquet não saberia que aquela pedra afiada seria um artefato pré-histórico feito pelo homem.
Também não está claro qual o verdadeiro significado da inclusão dessa rocha no Díptico de Melun, ainda segundo repercutiu o portal ZME Science.
"É difícil fornecer uma resolução concreta sobre por que um machado de mão foi usado por Fouquet na pintura. Poderia ter sido devido à onipresença deste objeto na sociedade, caso em que teria sido retratado devido a uma compreensão compartilhada de tais objetos", afirmam os autores em outro trecho do estudo.
Outro elemento relevante à teoria levantada pelos especialistas é que o artista francês morava próximo a uma pederneira que remontava à Idade da Pedra na época em que pintou o painel, de forma que não seria difícil para ele ter encontrado uma dessas relíquias.