O multiartista italiano desenvolveu importantes projetos nas mais diversas áreas, indo muito além das telas
Há 570 anos, nascia um dos maiores nomes da História. Um engenheiro de alma sensível ou mestre que fazia arte com física e matemática? O italiano Leonardo da Vinci (1452- 1519) foi dono de uma criativa, eclética e multitarefa cabeça, fato que o eternizou nos livros de História.
Escultor, engenheiro, cientista, anatomista e, claro, pintor, da Vinci foi muito além da Mona Lisa. Visionário, desenhou protótipos que desafiavam as possibilidades tecnológicas do seu tempo.
Veja algumas delas.
A diferença do sonho leonardiano de voar dos outros sonhadores que o antecederam está na sua frase: “Um pássaro é um instrumento trabalhando de acordo com leis matemáticas”. Foi o primeiro a entender o arrasto, sustentação e outras leis da aerodinâmica. Da Vinci apostava que a primeira máquina de voar bateria asas. Desenhou o ornitóptero, que lembrava um barco com asas. Seria tataravô da primeira asa-delta, o Derwitzer, de 1890, do alemão Otto Lilienthal. Surpreendentemente semelhante às asas-deltas atuais, o Derwitzer planava a até 25 metros de altitude, altura da qual Lilienthal cairia, em 1896, para a morte.
Permanecerá sempre um mistério como Leonardo foi capaz de conciliar a inspiração piedosa que resultou em obras sacras, como A Última Ceia, com o insight de transformar o design de uma carapaça de tartaruga em máquina de matar e destruir, como é o seu tanque de guerra. A invenção se tornaria realidade 400 anos mais tarde, quando os metralhadoras, 49 Mark 1 estrearam no front francês em 1916, na I Guerra Mundial. Mas apenas 25 funcionariam. Difíceis de manobrar, seu efeito foi mais psicológico do que físico sobre os apavorados soldados alemães.
As anotações que Leonardo deixou sobre os paraquedas são breves. O rabisco de uma estrutura triangular, uma figura humana dependurada e o texto: “Se um homem tiver uma estrutura coberta de tecido com 12 braças de largura e 12 de altura, poderá atirar se de qualquer altura sem se ferir”.
No século 18, surgem os primeiros experimentos. O alemão Hermann Lattemann projeta um paraquedas que era dobrado dentro de uma mochila e liberado na hora do salto, como os atuais. Em companhia da mulher, Käthe, Lattemann saltava de balões. Em junho de 1894, seu paraquedas falhou. Passado o luto, Kathe aperfeiçoou o modelo e ficou milionária vendendo-o na I Guerra Mundial.
Chamado de “parafuso-aéreo”, este protótipo desenhado por Da Vinci propunha o mesmo conceito dos helicópteros atuais: comprimir o ar para baixo, empurrando o aparelho para cima. O “parafuso” de Leonardo teria sérios desafios para voar de fato. Com quatro metros de diâmetro, era pesado e exigia quatro pessoas manuseando alavancas para fazer girar o rotor. Essas dificuldades só seriam vencidas nos anos 1940, quando o russo naturalizado americano Igor Sikorsky passou a comercializar o VS-300A. O aparelho impunha a configuração que persiste até hoje: um rotor principal e outro, menor, na cauda.