Embora pudesse comer o que quisesse, o Megalodon tinha um 'lanchinho' favorito tido como peculiar por cientistas
Há cerca de 23 e 3,6 milhões de anos, os mares do planeta eram habitados por criaturas gigantes que pesavam 50 toneladas e podiam chegar a até 18 metros de comprimento. Batizados de Megalodontes, os tubarões faziam qualquer versão moderna parecer pequena.
O animal pré-histórico é tido pela ciência como o maior tubarão que já existiu. Ele contava com dentes que podiam alcançar até 17 centímetros, o que o permitiria se alimentar de qualquer coisa que quisesse.
No entanto, o Megalodon tinha uma preferência peculiar na hora de se alimentar e possuía um petisco favorito, revelado por cientistas peruanos responsáveis por examinar vários crânios de baleias já extintas, que contavam com marcas de mordidas deixadas por tubarões — incluindo o maior deles.
Os restos de cachalote datavam da última parte do Mioceno, entre 23 milhões e 5,3 milhões de anos atrás, e mostram como os animais eram presas de inúmeras espécies de tubarões, indo do Otodus megalodon até algumas que ainda existem hoje, como os grandes tubarões brancos e os tubarões mako.
No estudo, publicado no periódico científico Proceedings of the Royal Society B: Biological Sciences, os pesquisadores perceberam ainda que os tubarões se alimentaram do crânio de uma única baleia em "uma série de eventos consecutivos de eliminação", deixando mais de uma dúzia de mordidas na cabeça de sua caça.
Além de mostrar a ferocidade dos predadores ao atacarem as cachalotes, os fósseis também revelaram como os tubarões tinham um foco maior em áreas específicas dos rostos de suas presas: eles miravam na testa e nariz das baleias.
A refeição favorita do Megalodonte pode ter sido nariz de cachalote. Isso porque, na pesquisa em que analisaram crânios de cachalote coletados da Formação Pisco no sul do Peru, que remontam de 7 milhões de anos atrás, os paleontólogos ressaltaram a localização das mordidas dos tubarões — tanto do gigante e extinto quanto de seus similares.
A caça aos narizes das baleias acontecia provavelmente porque as cachalotes, conhecidas por suas cabeças volumosas, possuem generosas reservas de gordura e óleos nutritivos em seus órgãos nasais gordurosos aumentados, usados para produção de som, segundo reportou o site Live Science.
"Muitos tubarões estavam usando esses cachalotes como um depósito de gordura", explicou Aldo Benites-Palomino, principal autor da pesquisa e doutorando na Universidade de Zurique, na Suíça. “Em um único espécime, acho que temos pelo menos cinco ou seis espécies de tubarões mordendo a mesma região — o que é insano”.
Hoje, nós temos somente três espécies de cachalote nadando nos oceanos; mas, no passado, existiam pelo menos sete. Para entender onde as mordidas estavam localizadas, os pesquisadores compararam os fósseis aos corpos de espécies modernas e descobriram que elas correspondiam às posições das estruturas da rede nasal das baleias.
Foi possível até mesmo notar padrões de mordida nos crânios: Ficou claro para nós que algo estava acontecendo — os tubarões estavam de alguma forma predando esses animais e tentando se alimentar de seus narizes", ressaltou Benites-Palomino.
Mas ainda que os tubarões tenham tido tamanha organização e esforço para consumir as cachalotes naquele período, as espécies modernas não são mais conhecidas por se alimentarem desses animais, levantando questões sobre o que aconteceu para que eles mudassem sua dieta drasticamente.
"Você começa a imaginar como isso mudou, por que isso mudou, houve alguma implicação no meio ambiente", questionou o autor da pesquisa. "Mais do que realmente responder a perguntas, acho que isso está me fazendo ter mais perguntas sobre todas essas descobertas."