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Matérias / Reino Unido

Do casamento secreto a decepção: o melancólico amor impedido entre George IV e Maria Fitzherbert

Quando o relacionamento entre católicos e protestantes era perseguido na Inglaterra, o Príncipe de Gales encontrou um obstáculo

André Nogueira Publicado em 21/06/2020, às 08h00

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Maria e Jorge - Wikimedia Commons
Maria e Jorge - Wikimedia Commons

Maria Fitzherbert, nascida com o sobrenome Smythe, foi uma das várias amantes do Príncipe de Gales, que ser tornaria rei George IV do Reino Unido. O monarca ficou famoso pelo estilo de vida exuberante, com altos gastos, diversas amantes e muita prevaricação. No entanto, o relacionamento com Maria fora singular. Isso porque foi alvo de um casamento às escondidas.

Maria já tinha se casado duas vezes quando conheceu Jorge. Primeiro com Edward Weld, morto logo depois da união, e depois com Thomes Fitzherbert, com quem teve um filho que morreu na infância. O segundo marido a deixou com uma casa em Londres e uma grande pensão.

Em luto, ela foi incluída numa sociedade em Londres, sendo guiada pelo tio, Lord Sefton. Foi nesse ambiente que acabou sendo apresentada ao Príncipe de Gales, que tinha pouco mais de 20 anos na época. O aristocrata se apaixonou quase que instantaneamente, mas isso não era visto com bons olhos: ela era mais velha, viúva e católica. Seu relacionamento podia tirá-lo da linha de sucessão, por conta de um decreto mais antigo que estreitou a rixa religiosa entre católicos e protestantes.

Maria / Crédito: Wikimedia Commons

Mesmo assim, Jorge estava decidido a se casar com Maria. Em 1784, ele chegou a ameaçar tirar a própria vida caso a proposta fosse recusada, o que levou a moça a aceitar o anel de noivado.

O relacionamento teve que ocorrer por debaixo dos panos. Assim, Jorge se mudou por alguns meses para a Europa Continental com Maria antes de, em 1785, voltar para a Inglaterra com o objetivo de consumar a união.

Diante da polêmica relação, o casal encontrou problemas para encontrar padres. Apenas o terceiro, o reverendo Robert Burt, aceitou. A cerimônia ocorreu na casa de Fitzherbert, em 15 de dezembro. Todavia, a união nunca foi validada oficial. Isso porque desde 1772 o matrimônio só era oficializado com aval do Rei, mas para Jorge, Maria era sua verdadeira esposa.

Os dois juraram nunca permitir que a união fosse revelada, mantendo a relação eternamente em segredo. Os dois se mantiveram juntos por anos, mesmo que a família real não soubesse do casamento. 

Porém, a vida extravagante e cheia de dívidas do Príncipe de Gales criou atritos entre os dois e a família. Recebendo apoio financeiro do pai, ele teve que arrumar uma forma de agradar o rei Jorge III, o que o levou forjar um casamento com uma princesa protestante.

Jorge IV / Crédito: Wikimedia Commons

Com tudo isso, o relacionamento acabou abruptamente em 1794, e a mulher se refugiou fora de Londres. Os dois continuaram se comunicando em vida, entretanto, os distanciamentos foram diversos.

Os dois voltaram a ficar juntos num período entre 1799 e 1807, quando moraram em Brighton, depois que o casamento entre Jorge e a princesa Caroline de Brunswick fracassou. Depois de 1809, não havia mais esperança para a relação secreta, e eles deixaram de se ver desde então.

Maria Fitzherbert continuou vivendo na sociedade, sendo bastante aclamada e respeitada, inclusive por membros da Família Real. Jorge se tornou rei do Reino Unido em 1820, e se manteve no poder por 10 anos.


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