Após inúmeras crises no recém-fundado império, o monarca deixou o país para se tornar D. Pedro IV em Portugal, lutando contra o irmão pelo poder
Os primeiros anos do Império Brasileiro foram conturbados, criando um cenário político instável e potencialmente perigoso. O então monarca do país, o português Pedro I de Bragança, provava-se cada vez mais autoritário e a insatisfação popular crescia. Já na outorga da Constituição de 1824, as coisas já ficaram, no mínimo, confusas.
Isso porque uma monarquia constitucional partia do pressuposto da dissolução do poder do rei, impedindo o despotismo. Porém, não apenas a carta fora instituída à força, depois da famosa Noite da Agonia, como também instaurava no Brasil o Poder Moderador, que dava poderes tirânicos a Pedro de controlar o equilíbrio de poderes insinuado por Montesquieu.
O autoritarismo de D. Pedro I resultou numa série de crises políticas no Primeiro Reinado. Beirando o absolutismo, o imperador usou seu poder de nomear cargos, criar postos vitalícios e dissolver instituições. A oposição liberal pressionava o governo, sem grandes resultados - o que, em 1930, inclusive, levou ao gatilho final para o auge da crise: o assassinato do jornalista Libero Badaró.
Além disso, foi somado à crise das instituições políticas um caos financeiro causado pela desvalorização da moeda nacional, a paralisação do Banco do Brasil e uma crise militar como resultado da impopular Guerra da Cisplatina, que acabou numa trégua sem vitórias e a independência do Uruguai. O Brasil caminhava aos frangalhos e a elite conservadora cada vez mais temia uma fragilização do projeto de integridade nacional imperial.
Já em Portugal, o cenário era de pré-guerra: com a morte de D. João VI, era pedido que seu filho, Pedro, assumisse e retomasse a colonização do Brasil. Dona Carlota articulava com o jovem Dom Miguel a tomada do poder (que definitivamente aconteceu), criando uma tensão pela sucessão do trono. As pressões pelo retorno de Pedro eram muitas.
Então, deu-se o estopim: em uma visita a Minas Gerais em 1831, Pedro fora mal recebido, e a insatisfação popular se tornou clara. De volta ao Rio de Janeiro, ele foi recebido por seus partidários lusitanos, que logo sofreram represálias por parte dos brasileiros, que quebraram janelas e os agrediram, na famosa Noite das Garrafadas.
Era marcante a instabilidade do poder do imperador, que optou por abdicar do trono em favor de seu filho de cinco anos e retornar a Portugal, onde requereria o trono como Dom Pedro IV, e comandaria as tropas liberais (em contradição ao seu legado no Brasil) contra D. Miguel. Morreu logo após a vitória, abrindo espaço para a filha assumir como Maria II.
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