A ossada, encontrada em 2018, revelou uma morte trágica que aconteceu há mais de 3 mil anos
As múmias são objeto de estudo e fascínio por parte não só dos pesquisadores, mas curiosos em geral. As diversificadas, e por vezes bizarras, maneiras nas quais são encontradas revelam detalhes daquela pessoa que, um dia, teve uma vida comum.
Cadáveres mumificados propositalmente, como se fazia no Egito Antigo, ou por acaso, graças a fatores naturais — como foi o caso de Dona Amélia, segunda esposa do primeiro imperador do Brasil, D. Pedro I —, escondem os últimos minutos daquela pessoa. Deixando através da História a morte eternizada.
Uma sepultura, descoberta no final de 2018, no Egito, revelou um esqueleto de uma mulher, que possivelmente morreu quando tentava dar à luz. Os pesquisadores de uma equipe ítalo-americana conseguiram identificar vestígios que sustentavam a hipótese, datando a morte de 3,7 mil anos atrás.
Múmia grávida
Em novembro daquele ano, o Ministério de Antiguidades fez uma das declarações arqueológicas mais intrigantes dos últimos anos. Em um cemitério ao sul do país, próximo à região de Assuão, o esqueleto foi localizado, em uma missão de escavação.
Assim que as primeiras análises tiveram início, os especialistas se deram conta de que algo peculiar havia acontecido com essa mulher. Os resultados dos exames foram surpreendentes: na região pélvica da ossada, os arqueólogos identificaram um bebê em uma posição de cabeça para baixo, o que indicou que a morte da mulher pode ter acontecido perto ou durante o parto.
Como as evidências físicas não eram suficientes para que a equipe determinasse com certeza a causa do óbito, a hipótese continua como especulações dos arqueólogos, mas ainda assim, o episódio raro instigou os estudiosos a tentarem entender mais sobre o esqueleto encontrado.
Para a professora Sandra Wheeler, bioarqueóloga e professora da Universidade da Flórida Central, a situação ainda é uma realidade para mulheres de hoje. “Isso vem reforçar o fato de que os partos eram precários e que a mortalidade materna era algo vivido pelas pessoas o tempo todo”, explicou.
Pensando no cenário da Antiguidade, não havia acompanhamento médico para as mulheres grávidas, algo que ainda não é totalmente aplicado para as gestantes de atualmente. No passado, essas pessoas contavam com a benção de deuses e um poder superior para que o bebê nascesse saudável. No Egito, elas rezavam para Bes, o deus anão da guerra que protegia as crianças e mães; e ainda, para Tuéris, a deusa hipopótamo protetora de todas as grávidas.
Ainda assim, em uma situação de risco, esse esqueleto da gestante encontrado foi deixado à sorte. Os pesquisadores conseguiram detectar uma pélvis desalinhada, o que poderia indicar uma severa desnutrição durante os meses de gravidez ou, até mesmo, um severo trauma sofrido.
Ainda que carente de informações aprofundadas, a descoberta impressionante foi de grande importância para a comunidade científica, que não se depara regularmente com achados desta natureza. Exemplificando para os arqueólogos um caso de mortalidade materna, que há anos vem sendo tratado com certo descaso. Sobre isso, Wheeler relata que as evidencias “nos contam sobre as vidas das mulheres e suas infâncias”.
Em 2015, a Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou que 303 mil mulheres morrem no parto por ano. Já no Brasil, foram 1.829 no ano de 2016. Um problema tão antigo, que transcende culturas, civilizações e eras.
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