De Jimi Hendrix a Biafra, a americana acompanhou diversos músicos na estrada e fez disso um negócio inusitado — e lucrativo
Cynthia Albritton é uma dessas personalidades cotidianas que jamais seriam reconhecidas por seu nome de registro. Apesar de tímida na adolescência, seus pensamentos liberais e pervertidos ajudaram a jovem a fazer mais amizades com rapazes do que com garotas durante seu tempo no colegial.
Sendo levada constantemente para shows e eventos da cena underground de Chicago, Cynthia conheceu os principais músicos que excursionavam pelo nordeste dos Estados Unidos. Diferente de outras groupies, seu jeitão desbocado fez a mesma se tornar uma grande amiga de roqueiros — e não um affair.
Com amizades sucintas, aproveitou sua vocação para artes plásticas quando obteve um material especial para a realização de próteses odontológicas: o alginato, um composto de cálcio com fibras de ácido algínico. Com uma rápida secagem, a pasta se molda facilmente e possibilita a reprodução de formatos idênticos com seu molde. O que não era esperado, no entanto, é que Cynthia não usaria na boca de ninguém.
Testando em dois amigos próximos, escolheu o pênis como alvo de sua epopeia artística. O primeiro convidado para registrar a sua extensa coleção não poderia ser menos especial; o guitarrista Jimi Hendrix topou, em 1968, ser a cobaia. Durante a realização, a jovem não fazia questão de envolver qualquer estimulo sensorial, preferindo moldar o órgão genital sem ereção.
Com membros do Led Zeppelin, The Who e até apresentadores de rádio sendo moldados por Cynthia, a mesma acabou ganhando um apelido fofo dos músicos: Plaster Caster, uma espécie de trocadilho em inglês para o molde de gesso. A brincadeira se tornou maior quando Frank Zappa conheceu seu trabalho. Conhecido por levar a arte a sério e gravar mais de 60 discos, o músico lendário propôs uma exposição.
Assalto aos... pintos?
Morando com Zappa, os preparativos para a realização da exposição e crescimento do acervo com novos convites estavam encaminhando bem, até que, em 1971, o apartamento onde moravam foi roubado. Os moldes não foram levados, mais algumas obras prontas, feitas com a base dos moldes, acabaram sendo furtadas na ocasião.
Chocada com a situação, o assistente pessoal de Frank e executivo de sua gravadora, Herb Cohen, se ofereceu para guardar os moldes com segurança. Cynthia aceitou, porém, travou uma batalha de mais de duas décadas para recuperar os registros penianos. Herb não tinha interesse em devolver os mesmos e preferia lucrar com uma futura exposição, detendo o acervo.
A briga não apenas rendeu o fim da amizade da jovem com Zappa, mas foi parar nos tribunais americanos em um processo de US$ 1 milhão. Em 1993, o veredito final foi de que, 25 das 28 peças voltariam para o acervo da Plaster Caster, porém, três ficaram com Herb, que justificou ter ‘proximidade com os envolvidos na obra’, sendo um gerente da banda Iron Butterfly, um gerente da banda The Rascals, e Tony Stevens, baixista do Foghat.
No final da década de 1980, Cynthia voltou a fazer os moldes e aumentou ainda mais a coleção de ídolos. Membros do Nine Inch Nails, dos Beach Boys, do The Kinks e até mesmo o então vocalista do Dead Kennedys, Jello Biafra, contribuíram para sua tão esperada exposição. Em 2000, a exibição pública dos moldes no Museu de Arte Moderna de Nova York (MoMA) recebeu um grande — e estranho — público.
Desde o fim da exposição, Cynthia continua coletando formatos penianos de músicos, mas somente quando as estrelas procuram pela artista. Musa inspiradora de rockstars malucos, inspirou as músicas "Five Short Minutes", de Jim Croce, e "Plaster Caster", do Kiss. Hoje, com 73 anos, a Plaster Caster também realiza moldes de seios femininos, com gessos reproduzindo os seios Suzi Gardner, fundadora do L7, e Karen O, vocalista do Yeah Yeah Yeahs.
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