A companheira de John Lennon é apontada como um dos pivôs do fim da banda lendária — mas já foi defendida pelos outros membros
A suposta intervenção de Yoko Ono na separação dos Beatles, anunciada em 1970, cria teorias da conspiração entre os fãs mais apaixonados até os dias atuais; seria a companheira de John Lennon a principal responsável pelo fim de uma das maiores bandas de todos os tempos? A alegação, embasada cronologicamente no relacionamento do astro, aponta que o convívio dos músicos foi dificultado após a chegada dela.
Historicamente, John fazia questão de levar a parceira para os ensaios e gravações em estúdio com a banda, principalmente a partir do ‘Álbum Branco’, lançado em 1968. Os conflitos, no entanto, não iniciaram com ela; o grupo já enfrentava brigas pessoais entre os membros sem a interferência da jovem — mas ela pôde somar no desentendimento.
Uma das mais antigas respostas sobre o caso partiu de George Harrisonainda em vida, no seu depoimento ao documentário Anthology, lançado em 1996: “Seria injusto colocar em Yoko Ono toda a culpa por nossa separação, porque àquela altura já estávamos todos cheios. Mas talvez ela tenha sido a catalisadora”.
De acordo com a revista Super Interessante, algumas das atribuições de Yoko podem ser justas, como o fato de que Lennon passou a valorizar mais a opinião da namorada do que a dos parceiros de longa data, visto que considerava a jovem uma artista vanguardista. Porém, a “fase terminal” iniciou pelas diferenças criativas do mesmo álbum.
George Harrison costumava ter uma cota de duas composições por álbum, mas estava descontente com o número pelo sucesso de músicas anteriores e brigava por um aumento. Lennon e Paul McCartney também brigavam por composições e já não compunham juntos. A intriga criativa chegou ao ponto de não gravarem juntos no estúdio, passando o som em faixas separadas ou com o acompanhamento de Ringo Starr.
Para piorar a situação, Paul tinha interesse em nomear Lee Eastman, pai da esposa Linda e um dos donos da Kodak, como responsável pela Apple Corps, empresa responsável pela atuação multimídia da banda. O sogro automaticamente teria uma função semelhante ao de empresário do conjunto e manifestava interesse em retomar as apresentações ao vivo — na época, interrompidas.
Defesa de Yoko
Paul McCartney teve a oportunidade de comentar a suposta intervenção de Yoko Ono no fim da banda em 2012, quando foi entrevistado pela emissora de TV Al Jazeera. Em entrevista ao jornalista David Frost, o multi-instrumentista fez questão de inocentar a ex-companheira do amigo, acrescentando que a mesma foi a responsável pelo amadurecimento de John, rendendo clássicos na música como “Imagine”.
“Ela certamente não acabou com o grupo, nós já estávamos fazendo isso. Quando Yoko apareceu, parte de sua atração era o seu lado vanguardista, sua percepção sobre as coisas. Assim ela mostrou a John uma outra maneira de ser, que era muito atraente para ele. Então, era hora de John sair. Ele definitivamente iria deixar os Beatles, de uma forma ou de outra”, disse o baixista, sem esconder o convívio difícil com a intrusa.
Em 2016, foi a vez da própria Yoko desmentir a suposta culpa pelo fim da banda; convidada pela revista US Weekly para contar 25 fatos pessoais, a vigésima quarta curiosidade foi remusida em duas frases: "Não tive nada a ver com o fim dos Beatles. E eu acho que Paul [McCartney] é um cara muito legal”.
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