Conhecido como um dos maiores opositores do presidente da Rússia, o nome Alexei Navalny se tornou um dos mais comentados nos últimos anos
Nesta sexta-feira, 16, os olhos do mundo inteiro se voltaram para o advogado, ativista, blogueiro e político russo, Alexei Navalny. Opositor de Putin, presidente da Rússia, ele faleceu na prisão aos 47 anos, informou o serviço penitenciário federal da Rússia. A causa da morte ainda não foi divulgada.
A saga de Alexei chamou atenção, de fato, em 20 de agosto de 2020, quando o homem começou a passar mal em um voo, após ter tomado um chá antes de embarcar a caminho de Moscou. Navalny foi internado. Havia sido alvo de envenenamento. Por seu histórico, o governo russo foi apontado como mandante do envenenamento, informações negadas.
Alexei ficou conhecido após criticar abertamente o governo Putin, e se tornou um dos mais temidos opositores do atual presidente russo.
Nascido em 4 de junho de 1976, Alexei Anatolievich Navalny é descendente de russos com ucranianos. Ainda jovem, ele se formou em direito no ano de 1998, mas, foi em 2008 que o advogado ganhou destaque na mídia. Na ocasião, o russo usou seu blog para denunciar a negligência política do país nas principais empresas estatais. Assim, suas denúncias causaram impacto.
Ele, que era casado e pai de dois filhos, ficou conhecido por sua força nas redes sociais — já que em decorrência de sua postura anti-Kremlin, Navalny foi proibido de aparecer na televisão estatal russa.
Já estabelecido como ativista político, chamou a Rússia de Putin de “o partido dos vigaristas e ladrões”, sua frase virou uma espécie de bordão, que ficou conhecido em todo o país.
No ano de 2011, Navalny foi preso, repercute a BBC Internacional. Essa seria uma das muitas prisões que ele ainda enfrentaria. Na ocasião, o opositor ficou detido por 15 dias após ter participado de protestos contra uma suposta fraude nas eleições parlamentares.
Após ser liberado, sua força estava cada vez maior. Naquele mesmo ano, o blogueiro falou para cerca de 120 mil pessoas.a.
Nos anos seguintes, mais denúncias e prisões: em 2013, foi preso por acusações de peculato, ou seja, um tipo de crime que ocorre quando o funcionário comete erros que permitem que outra pessoa roube o bem que estava sob sua responsabilidade por conta de seu cargo. Contudo, ele denunciou a sentença como política, que posteriormente acabou sendo anulada.
Apesar dos problemas legais, o ativista foi autorizado a concorrer nas eleições de 2013, para se tornar prefeito de Moscou, mesmo que não tenha conseguido desbancar seu concorrente e o aliado de Putin, Sergei Sobyanin, a participação de Navalny foi considerada relevante para o movimento de oposição.
No ano de 2016, Alexei anunciou formalmente sua campanha para disputar a presidência do país, nas eleições de março de 2018. No entanto, ele foi impedido de continuar em decorrência das antigas acusações de corrupção, por isso, ele não teve o direito de concorrer ao cargo público, novamente o homem alegou que as acusações tinham motivação política.
Em 2017, o líder da oposição foi preso mais uma vez durante um protesto em Moscou. Na ocasião, Navalny alegou que foi ferido no olho com um corante químico verde, o que causou danos permanentes em sua córnea direita.
O ativista afirmou que as autoridades russas não o deixaram buscar tratamento para o problema fora do país, em decorrência de sua condenação. Porém, ele conseguiu a liberação para realizar uma cirurgia ocular na Espanha, através do conselho de direitos humanos do Kremlin.
Esse não foi o único problema de saúde que atingiu Alexei. Antes dos acontecimentos de agosto desde ano, em mais uma de suas idas à prisão, em julho de 2019, o opositor adoeceu no cárcere. Os médicos o diagnosticaram com dermatite de contato, na época, o ativista já achava que poderia ter sido exposto a algum tipo de agente tóxico de envenenamento.
Já em 2021, ele retornou para a Rússia, pela primeira vez desde a tentativa de envenenamento. Mas, acabou preso quando desembarcou em Moscou. Na época, foi alegado que o opositor não respeitou o que fora proposto numa sentença de liberdade antiga.
Condenado pelo Tribunal de Moscou, ele foi sentenciado a três anos e meio de prisão. Na época, ele foi acusado de não se apresentar de maneira regular para as autoridades da prisão.
Sua história foi contada no documentário 'Navalny'. Do diretor Daniel Roher, é explorada a vida e os feitos do líder da oposição russa ao longo dos anos. Disponível no HBO Max, a produção venceu o Oscar no último ano.