Segundo o Ministério dos Povos Indígenas, 99 crianças morreram em razão do garimpo ilegal em terras Yanomami no ano de 2022
No ano passado, 99 crianças indígenas do povo Yanomami morreram em razão do garimpo ilegal em Roraima. As mortes, conforme revelou o Ministério dos Povos Indígenas na última sexta-feira, 20, se deram por desnutrição, pneumonia e diarreia na grande maioria dos casos. As vítimas tinham entre um e quatro anos.
Além disso, foram confirmados, em 2022, 11.530 casos de malária no Distrito Sanitário Especial Indígena Yanomami, distribuídos entre 37 Polos Base. Como informou o portal de notícias G1, as pessoas mais afetadas foram aquelas com mais de 50 anos de idade.
De acordo com a pasta, nos últimos quatro anos, o número de mortes entre crianças devido à contaminação por mercúrio, desnutrição e fome, foi de 570. O Ministério da Saúde chegou a decretar uma emergência de saúde pública em reação aos dados alarmantes. Em breve, também o governo Federal deve decretar estado de calamidade pública.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva realizou, uma visita à região no último sábado, 21, a fim de acompanhar o trabalho do Ministério dos Povos Indígenas junto ao Ministério da Saúde na Terra Indígena Yanomami.
Recebemos informações sobre a absurda situação de desnutrição de crianças Yanomami em Roraima. Amanhã viajarei ao Estado para oferecer o suporte do governo federal e, junto com nossos ministros, atuaremos pela garantia da vida de crianças Yanomami", escreveu Lula em seu perfil no Twitter, na semana passada.
De acordo com o portal de notícias, equipes do Ministério da Saúde estão desde segunda-feira, 16, realizando atendimentos na região e elaborando um diagnóstico sobre saúde Yanomami. Desde então, ao menos oito crianças foram resgatadas em estado grave.
As ações emergenciais serão conduzidas pela ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara junto à Fundação Nacional do Povos Indígenas (Funai) e à Secretaria Especial de Saúde Indigena (Sesai).
Além disso, a região contará com apoio do Ministério da Saúde, Ministério da Justiça, Ministério do Planejamento e Orçamento e do Ministério de Desenvolvimento Social, Assistência, Família e Combate à Fome.
"Diante da grave crise humanitária que avança sob o território, em reunião emergencial, a presidência, juntamente com o MPl, concluiu que a intervenção é urgente e primordial, assim decidiu-se o acompanhamento da situação in loco", disse o Ministério dos Povos Indígenas.
No mês de novembro do ano passado, a operação Yoasi, deflagrada pela Polícia Federal e pelo Ministério Público Federal (MPF) revelou um esquema de fraude na compra de remédios destinados ao Distrito Sanitário Especial Indígena Yanomami (Dsei-Y), em Boa Vista.
Conforme apontaram as investigações, dois coordenadores firmaram o contrato com uma empresa para o fornecimento de 90 tipos de medicamentos que deveriam ser destinados à saúde Yanomami, porém a companhia entregou menos de 30% do previsto.
De acordo com a fonte, participaram do esquema servidores ligados ao Dsei-Y e ao dono da empresa contratada. A PF estima que R$ 600 mil tenham sido desviados, de modo que ao menos 10 mil crianças indígenas ficaram sem medicamentos.