Parece filme de terror, mas estudo aponta para um costume complexo e milenar
Centenas de restos humanos foram encontrados em pântanos europeus. Novo filme de terror? Não, um estudo científico publicado por uma equipe internacional de arqueólogos que revelou que esses corpos fazem parte de uma tradição milenar. Quando os restos tinham causa de morte determinada, a maioria apontava para um fim violento.
As descobertas, que foram publicadas na revista Antiquity da editora universitária de Cambridge, mostram que as pessoas eram enterradas em pântanos até o início dos tempos modernos. O estudo analisou mais de mil indivíduos em 266 locais espalhados pela Europa para entender um pouco mais dessa tradição, que data desde o período pré-histórico.
Os corpos encontrados podem ser divididos em três categorias: “múmias do pântano”, que são corpos com pele e até cabelo preservados; “esqueletos do pântano”, que são corpos completos, mas só com os ossos preservados; e restos parciais de corpos. Dependendo do ambiente do pântano, o estado de conservação pode ser diferente.
Os achados desse estudo apontam para o sul da Escandinávia no período Neolítico (5000 a.C.) como o início da tradição, se espalhando pelo norte da Europa com o tempo. As descobertas mais recentes mostram que esse costume persistiu pela Idade Média e chegou até o início da Modernidade.
A violência das mortes foi frequentemente interpretada como sacrifícios ritualísticos, vítimas de violência ou criminosos executados. Algumas fontes dos últimos séculos indicam que também havia um número significativo de mortes acidentais e suicídios em pântanos, e o arqueólogo Roy van Beek, um dos autores da pesquisa, explica que isso também pode ter sido comum em períodos anteriores, frisando que não se pode procurar uma única explicação para todas as descobertas.