Ocorrida em 2007, operação teve um total de 19 mortos - 8 deles sem antecedentes criminais
No dia 27 de junho de 2017, no Rio de Janeiro, uma operação policial ocorreu nas favelas que compõem o Complexo do Alemão. Os números oficiais apontaram 19 pessoas mortas no conflito, das quais pelo menos nove não tinham antecedentes criminais.
Cada morto recebeu uma média de quatro tiros, e o terror que assolava a população desde o início do cerco policial, em 2 de maio, se tornara insuportável neste dia.
Contexto
Em 2007, o Rio celebrava os XV Jogos Pan-Americanos, evento esportivo que ocorreu com grande operação logística e organizacional. Durante os Jogos, um grande cerco policial foi montado na região das favelas que compunham o grande complexo do Alemão, para supostamente garantir a segurança do evento internacional. À época, o morro foi considerado pelo jornal O Globo como a faixa de gaza carioca.
A ação policial levada a cabo tinha como objetivo acabar com os traficantes varejistas, que comercializavam produtos lucrativos como maconha e cocaína, que vinham do exterior através do tráfico atacadista.
Das 200 mil pessoas que compunham o complexo em 2007, 450 eram traficantes varejistas – 0,2% do total. Para a operação, foram mobilizados 1.350 policiais civis e militares, três caveirões, um helicóptero, nove franco-atiradores e 150 soldados da Força Nacional.
A Chacina
A ação policial começou às 9 horas da manhã, horário de intensa movimentação nas ruas que compõem as favelas do complexo. Na que foi chamada Operação Cerco Amplo, os policiais ocuparam vielas e invadiram casas armados com pistolas e metralhadoras.
Os mortos foram, em sua maioria, jovens entre 15 e 24 anos. Trinta e dois tiros foram disparados pelas costas, e segundo laudos médicos, os tiros na parte superior do corpo foram feitos em ângulo de 45 graus – indicando que as vítimas estavam sentadas ou ajoelhadas.
Os números oficiais indicam que do início da ocupação, em 2 de maio, até o dia 27 de julho, 42 pessoas morreram e cerca de 80 ficaram feridas. A matança teve repercussão nacional e internacional, e continua sendo uma das operações mais inexplicáveis já ocorridas em território brasileiro - afinal, nenhum grande traficante foi pego e o tráfico continuou operando normalmente.
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