Carlos Nobre quer criar o Instituto de Tecnologia da Amazônia para valorizar uma “nova economia da floresta em pé”
Carlos Nobre, um dos principais cientistas brasileiros e referência em mudanças climáticas do Brasil, tem um sonho: um instituto de desenvolvimento tecnológico no padrão do MIT, a famosa universidade norte-americana, posicionado no meio da Floresta Amazônica, incorporando conhecimento tecnológico com a sabedoria dos povos originários.
O Instituto de Tecnologia da Amazônia (AmIT) seria um centro de pesquisa e ensino pan-amazônico (ou seja, englobando todos os países que têm a floresta em seu território) com foco no desenvolvimento de uma nova bioeconomia.
Em entrevista à Mongabay Brasil, Nobre, que é doutor em Meteorologia pelo MIT, contou os planos sobre o AmIT e mostrou otimismo quanto ao futuro da floresta. O instituto terá núcleos de pesquisa espalhados pela floresta de forma descentralizada e quer envolver o maior número de países amazônicos possíveis. Nobre afirma que eles já iniciaram conversas com a Colômbia, a Bolívia, o Peru e o Equador.
Laboratórios flutuantes em barcos, tecnologias de ensino virtual e equipamentos modernos estariam abertos para alunos de toda a Amazônia, “incorporando os conhecimentos dos povos originários”, como afirma Nobre. O AmIT terá cinco eixos de pesquisa: águas da Amazônia, florestas e sociobiodiversidade, paisagens alteradas, infraestrutura sustentável e Amazônia urbana.
Um primeiro estudo de viabilidade foi realizado em 2021, com o auxílio do MIT. Agora, Nobre afirma que eles estão “desenvolvendo o estudo pleno e o plano de implementação” do AmIT, com previsões de entregar o plano completo em agosto ou setembro.
Uma das principais ideias do Instituto é desenvolver uma “nova economia da floresta em pé”, como afirma Nobre, buscando os potenciais tecnológicos e financeiros da Amazônia sem a exploração excessiva do ecossistema.