Antes da triste explosão da última terça-feira, 4, ao longo da história, a capital do Líbano já enfrentou outras calamidades
A explosão que atingiu a área portuária de Beirute, na última terça-feira, 4, resultou em um total de 220 mortes e 110 pessoas desaparecidas, segundo informou à mídia local hoje, 10, o governador Marwan Abboud. Cenas tristes e fortes invadiram os noticiários, como a de um padre sendo atingido pelos escombros e até o grande susto de repórter que, no meio de uma entrevista, foi derrubada pelo impacto.
Acontece que não é só hoje que a capital do Líbano tem passado por episódios tristes. Ao todo, a cidade já se reergueu um total de sete vezes nos seus 5 mil anos de história. O local já foi palco de desastres naturais e guerras. Mas, o que a marca é o seu poder de reconstrução — fato que dá esperança para a população local, que passou pela experiência mais notável não faz muito tempo.
Domínio humano e causas naturais
Há registros de Beirute como importante ponto comercial no passado. O Egito Antigo já mencionava a cidade em 2.000 a.C. A primeira grande destruição se deu durante a ocupação do Império Romano, que tornou a área uma colônia no ano 14 a.C.
Depois de 5 séculos sem desastres grandiosos, o segundo acontecimento foi um terremoto que resultou em um maremoto devastando Beirute em 551. Até que, em 635, a cidade voltou a ser ocupada e devastada — dessa vez, porém, pelos otomanos, que iniciaram um governo islâmico.
Em seguida, Beirute foi alvo de templários durante a Primeira Cruzada, marcando uma quarta destruição. Nesse período, cristãos e muçulmanos disputaram a região, que, após um período de dominação egípcia e turca, foi retomada então de novo pelo Império Otomano em 1110.
Séculos 16 a 20
Beirute voltou com tudo e se tornou um dos maiores entrepostos comerciais do Mar Mediterrâneo. Mas um quinto confronto estava prestes a ocorrer. Foi ele um bombardeio grandioso, durante a guerra entre o Império Russo e a Turquia (1568-1570), durante o século 16.
Durante o acontecimento, a tropa russa bombardeou e ocupou por quatro meses a cidade de Beirute. Entretanto, com o passar dos séculos, as coisas melhoraram. No século 20, depois da Primeira Guerra Mundial, o Líbano se transformou em um protetorado da França até 1926, data da independência do país do Oriente Médio.
Conflitos modernos
Uma dupla de guerras afetou Beirute nas últimas décadas. A primeira foi consequência da criação do Estado de Israel, em 1948. Isso fez com que viessem muitos refugiados palestinos até o local, aumentando discussões entre comunidades religiosas.
Além disso, a conquista da independência do Líbano não havia garantido a criação de um Estado nacional libanês, o que também dificultou a operação de um poder centralizado. Ao invés disso, as divisões religiosas efervesceram o cenário.
Libaneses se dividiram entre uma minoria de cristãos maronitas e muçulmanos, ligados à Síria, nação que não reconhecia a emancipação do Líbano. Com isso, uma Guerra Civil entre os dois grupos durou 10 anos, de 1975 até 1990, deixando 150 mil mortos no país.
Como o conflito ocorreu no centro de Beirute, foram destruídas as relíquias da cidade, local que já era conhecido como "joia do Oriente Médio". Começou então uma grande reconstrução nas décadas seguintes. A área, por exemplo, foi finalmente reunida após ser dividida pela guerra com uma parte cristã e uma muçulmana.
Entretanto, a paz durou pouco. Em 2006, uma nova calamidade eclodiu. Na ocasião, Israel devastou vários trechos do oeste da cidade de Beirute durante conflitos contra os extremistas do Hezbollah. Para se ter uma ideia, no dia 29 de julho daquele ano, ataques aéreos israelenses mataram 33 crianças e quatro adultos libaneses.
Após uma trégua, no dia 14 de agosto de 2006, um processo de reconstrução voltou a operar na cidade. Na era do pós-guerra, o porto de Beirute se expandiu e se tornou um grande porto marítimo regional.
Agora, mais uma vez, o local quer se erguer das cinzas. No último dia 5 de agosto, o Banco Mundial se dispôs a trabalhar com parceiros locais para mobilizar financiamentos das áreas afetadas pela recente explosão.
Nos dias que se seguiram à tragédia na área portuária, voluntários protegidos com máscaras, luvas e materiais de construção têm andado pelas ruas dos bairros mais afetados. A cobrança para com as autoridades responsáveis também está evidente: pelo menos 7 mil pessoas foram às ruas somente no último sábado.
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