Em 2015, quatro oficiais movidos por um intenso desejo de vingança cometeram a maior chacina da história de São Paulo
Na noite de 13 de agosto de 2015, São Paulo viu acontecer a maior chacina da história do estado. O pior de tudo, todavia, é que os autores do banho de sangue, embora naquele momento à paisana e usando máscaras para esconder suas identidades, tinham como profissão justamente proteger a população do crime. Sim, isso mesmo, nesse obscuro episódio paulistano os criminosos eram os policiais.
Foi um ato de retaliação: alguns dias antes, tanto um policial militar, quanto um guarda civil metropolitano haviam sido assassinados. Coincidentemente, ainda que em momentos distintos, ambos morreram após reagirem a um assalto.
Como aconteceu o massacre
Munidos de armas de fogo e do mais puro desejo de vingança, um pequeno grupo de oficiais se dirigiu aos municípios de Osasco e de Barueri, e começaram um massacre. Durou duas horas. Foi o suficiente para fazer 17 vítimas fatais e ferir outras 7.
Vale ressaltar ainda que, alguns dias antes, havia ocorrido o que ficou conhecido depois como uma “pré-chacina”. Isso é, no dia 8 de agosto, o mesmo grupo de agentes de segurança teria assassinado mais 6 pessoas.
Segundo divulgado pelo G1 uma semana após o terrível acontecimento, “em pelo menos um dos ataques, as vítimas foram enfileiradas, os criminosos perguntavam se as pessoas tinham antecedentes criminais e, depois, atiravam”.
A chocante história da chacina de Osasco logo ganhou repercussão internacional. Segundo divulgado pelo jornal O Globo em 2018, a Comissão Interamericana de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (OEA) chegou a exigir das autoridades brasileiras um maior esclarecimento em relação ao caso.
Os responsáveis
Três policiais militares e um guarda-civil foram condenados pela chacina entre 2017 e 2018, sendo acusados de homicídio qualificado e formação de quadrilha.
São eles: Fabrício Emmanuel Eleutério, que recebeu a pena de 255 anos; Thiago Barbosa Henklain, cuja sentença foi de 247 anos; Victor Cristilder Silva dos Santos, condenado a 119 anos de prisão, e, por último, o guarda Sérgio Manhanhã, que recebeu 100 anos.
De acordo com a Agência Brasil, o Ministério Público afirmou que foram identificadas mensagens de celular trocadas entre os dois últimos, nas quais eles combinavam o horário em que ocorreria o massacre.
Em 2019, os três oficiais considerados culpados foram expulsos da Polícia Militar. Referindo-se ao acontecimento, o Diário Oficial de São Paulo disse que os homens haviam cometido “atos atentatórios à instituição, ao estado, aos direitos humanos fundamentais, consubstanciando transgressão disciplinar de natureza grave”.
Últimas atualizações
Nesta segunda-feira, 22 de fevereiro de 2021, foi anunciado que dois dos acusados, Victor e Sérgio, passarão por um novo julgamento, que começa no dia 23. Dessa forma, seus veredictos e sentenças podem acabar sendo modificados.
"Testemunhos fraudulentos, falhas na investigação, interesses políticos, resposta rápida para a população, parcialidade de alguns órgãos de imprensa, coação de testemunhas e outras medidas absurdas ainda mantém o militar injustamente preso, aguardando agora mais um julgamento agendado para fevereiro de 2021", anunciou a defesa do ex-policial Victor em uma nota publicada à imprensa e repercutida pelo R7.
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