Há 20 anos, Seleção Brasileira conquistava seu último título mundial. Mas você se lembra como era nossa sociedade nessa época?
A busca pelo tão sonhado hexa começa hoje, 24, às 16 horas (horário de Brasília), quando a Seleção Brasileira entrar em campo para sua estreia contra a Sérvia na Copa do Mundo FIFA Qatar 2022, em duelo realizado no Lusail Stadium.
Chegando ao mundial como um dos favoritos ao título, os selecionáveis de Tite terão a chance de conquistar algo inédito para essa geração. Afinal, nenhum dos convocados teve o gosto de ganhar uma Copa do Mundo.
Vitoriosa em 1958, 1962, 1970, 1994 e 2002, a Seleção Brasileira ainda ostenta o título de ser a única pentacampeã mundial. Apesar disso, caso não consiga o logro no Qatar, igualará seu maior jejum de títulos — assim como entre o tri e o tetra, ficaríamos 24 anos sem uma Copa.
Mesmo que esperança e frustração andem lado a lado, o brasileiro se apega em algumas semelhanças para acreditar que o hexa é possível: tanto em 2002 como em 2022, a seleção é comandada por um gaúcho (Luiz Felipe Scolari e Tite, respectivamente); as eleições de ambos os anos foram ganhas por Luiz Inácio Lula da Silva; a França havia sido campeã da edição anterior (1998 e 2018).
Por fim, as duas Copas do Mundo foram disputadas em um continente que jamais havia sido sede do torneio: 2002 na Ásia (com Japão e Coreia do Sul) e, agora, o Oriente Médio (com o Qatar). Mas, tirando todas essas peculiaridades, você se lembra como era o Brasil quando fomos Penta?
Como já dito, Luiz Inácio Lula da Silva foi o vencedor das eleições presidenciais daquele ano. Mas, à época, o Brasil seguia para a reta final do segundo mandato de Fernando Henrique Cardoso, que tomou posse em 1º de janeiro de 1995.
FHC, inclusive, foi responsável por receber a seleção campeão do mundo em Brasília. Embora não fosse amante do futebol, o encontro se tornou histórico para os brasileiros, principalmente após Vampeta fazer cambalhotas na rampa do Palácio do Planalto.
Pode até parecer mentira, mas em 1º de abril de 2002, o salário mínimo no país foi estabelecido em R$200. Já o dólar custava cerca de 3,35 reais. O euro, porém, havia sido recém lançada em 12 países da Europa.
Segundo dados da Agência Nacional de Petróleo e Gás (ANP), o preço médio da gasolina no país era de R$1,76 e o preço do transporte público de R$1,40. A inflação, por sua vez, era algo que espantava o brasileiro, com o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 12,53% ao ano. Por fim, a cesta básica custava R$131,50.
Na televisão estreava, na TV Globo, o reality show Big Brother Brasil. A primeira temporada do programa começou em 29 de janeiro e, em 2 de abril, Kléber Bambam foi escolhido o primeiro campeão do programa.
Já no horário nobre da vênus platinada, a atração era novela ‘Esperança’, protagonizada por Reynaldo Gianecchini e Priscila Fantin. O brasileiro também dava muitas risadas com humorísticos como ‘Casseta e Planeta, Urgente!’, ‘Sai de Baixo’ e ‘A Praça É Nossa’.
Se hoje vivemos na era da comunicação, em 2002 o Brasil ainda dava seus primeiros passos tecnológicos. Naquele ano, por exemplo, o MSN Messenger se tornava cada vez mais popular.
Já os aparelhos de telefone celular ainda não eram multitarefas e tão tecnológicos como são atualmente. Quando o Brasil foi Penta, aliás, o modelo mais popular por aqui era o famoso ‘Nokia Tijolão’ — conhecido por sua fama de indestrutível e pelo ‘jogo da cobrinha’.
Na sétima arte, o brasileiro presenciava a chegada do icônico ‘Cidade de Deus’, dirigido por Fernando Meirelles. O longa chegou a ser indicado a quatro categorias no Oscar e é, até hoje, um dos grandes filmes da indústria nacional.
O meio musical foi o responsável por embalar a comemoração dos jogadores da Família Scolari. A festa do título foi marcada pro grandes hits do ano, como ‘Festa’ de Ivete Sangalo e ‘Deixa a vida me levar’, de Zeca Pagodinho.
Ainda em 2002, a Madre Paulina era declarada pelo Vaticano como a primeira santa brasileira, recorda matéria do IG.
Mas nem tudo foi só alegria. Poucas horas após a conquista do Penta, as celebrações viraram tristeza ao ser anunciada a morte do médium Chico Xavier, aos 92 anos. O espírita havia dito que gostaria de morrer no dia que o brasileiro estivesse muito feliz, assim, ninguém se sentiria triste com sua passagem.
Pouco antes, no dia 2 de junho, a sociedade já ficava abalada com o assassinato do jornalista Tim Lopes, morto pelo tráfico de drogas enquanto fazia uma reportagem sobre os bailes funk em comunidades cariocas.
Em outubro, mais um caso aterrorizante: o assassinato brutal de Manfred e Marísia von Richthofen. As investigações, concluídas pouco depois, apontaram que o crime foi feito a mando da filha do casal, Suzane von Richthofen.