Equipe de pesquisadores descobriu novos túneis no início deste ano; entenda!
Uma das muitas heranças arquitetônicas deixadas pela civilização romana são seus aquedutos, ou, em outras palavras, os intrincados túneis que formavam o impressionante sistema de irrigação do império.
Esse labirinto de passagens servia para garantir que as cidades da Roma Antiga fossem propriamente abastecidas com água. O recurso ficava disponível à população através de fontes públicas, ou, no caso dos membros de classes mais altas, era canalizada até suas residências.
Parte da incrível obra milenar de engenharia ficava na superfície, como os aquedutos suspensos, que eram caracterizados por distintos arcos de pedra sobre colunas altas. A maior parte da construção, todavia, era subterrânea, dificultando a exploração das ruínas por arqueólogos.
E, entre os aquedutos romanos que conhecemos hoje, nenhum é menos conhecido que o Aqua Augusta, que foi construído entre 30 a.C. e 20 a.C.
Felizmente, isso pode estar mudando: no início deste ano de 2023, uma equipe de especialistas anunciou ter descoberto um novo trecho do misterioso sistema de túneis. A investigação científica foi conduzida pela Associação Cocceius, uma organização sem fins lucrativos que se dedica à pesquisa arqueológica subterrânea.
Um aspecto curioso do projeto, por sua vez, é que os pesquisadores basearam suas explorações do Aqua Augusta nos relatos de infância de moradores mais velhos do bairro de Posillipo, em Nápoles, o local que está diretamente acima da obra arquitetônica.
Isso, pois, por incrível que pareça, muitos desses cidadãos teriam brincado dentro dos túneis romanos quando crianças, tudo sem fazer ideia de que estavam correndo pelo interior de estruturas milenares.
Segundo informado pelo Live Science, as galerias encontradas pela equipe da Cocceius possuem 650 metros de extensão, sendo consideradas nada menos que o trecho mais longo do Aqua Augusta a ter sido mapeado.
Outro detalhe interessante é que a porção recém-explorada faria parte dos túneis de irrigação destinados ao abastecimento das vilas romanas habitadas pelas elites, e não da cidade como um todo.
Em entrevista ao veículo, o Graziano Ferrari, que é o presidente da ONG, garantiu que a locomoção através dos caminhos subterrâneos não é particularmente difícil, apresentando apenas "desafios comuns", como "seções onde você precisa rastejar de quatro ou se espremer".
A circulação de ar ali em baixo também não teria sido um problema: "o canal Augusta corre bem perto da superfície, então o ar interno é bom e fortes brisas costumam correr nas passagens", explicou o homem.
Outra boa notícia é que, de acordo com os arqueólogos, tratam-se de passagens bem preservadas, de forma que será possível utilizá-las com tranquilidade para diversos outros estudos — como, por exemplo, análises que podem revelar a velocidade do fluxo da água dentro do aqueduto e até mesmo estimar como eram as condições climáticas durante o período romano.
+ Para conferir na íntegra o artigo (em italiano) a respeito das descobertas, clique aqui.